quarta-feira, 8 de junho de 2016

Quando eu digo NÃO é NÃO!


Eu adoro animais (inclusive no meu primeiro vestibular minha segunda opção de curso foi Biologia), e sempre quis ter um animal de estimação (haja vista que sempre morei em prédio). Mas minha esposa, essa adora mais ainda. A maior diferença entre nós no quesito “empatia com bichos” é que, enquanto eu os vejo como “animais de estimação” - prezando mais por obediência do que carinho, minha idolatrada cônjuge virago é daquelas que chegam a chamar o animal de “filho”. Não que eu veja algo de errado nisso, acho até bonito. Mas essa diferença de mentalidade causou um pequeno “stress conjugal” há algumas semanas.


"QUE DAORA, CARA!"


Eu chamei a atenção do nosso cachorro por alguma desobediência, e fui repreendido por minha Senhora dizendo que eu só brigo com ele. Retruquei, explicando que ele estava “ficando folgado” porque ela não mantinha o pulso firme, e complementei: “quero só ver quando o guri estiver maior e você reclamar que estou brigando com ele quando ele nos desobedecer”. Ela mandou uma tréplica, afirmando que “se for para só brigar com ele e não dar carinho, vou defender ele sim”. Nisso, um grupo de moleques da quinta série que passavam pela rua no mesmo momento gritaram para mim, em uníssono “AH LOOOOOOOOOOCOOOO!!”. Ok, essa parte é mentira.


"AH LOOOOOOOOOCOOOO!"


Tá, mas esse texto é sobre crianças, pais ou cachorros?”, você pode perguntar. Bom, é sobre de tudo um pouco, mas mais precisamente, sobre o poder do “não” e como ele deve ser aplicado. Realmente, eu deveria dar mais atenção ao cachorro, mas isso não implica em “brigar menos” com ele quando há uma desobediência. O mesmo deve acontecer no decorrer do crescimento dos filhos, e é muito importante que o “não” seja dito na hora, sem exageros e, principalmente, em comum acordo entre os pais.


"nananinanão!"


Conheço casos dentro da família, de amigos e de conhecidos onde o pai ou a mãe contradizem o respectivo cônjuge, causando uma confusão na cabeça do pequeno rebento, conhecida pelo termo científico “vou pedir para o meu pai (ou minha mãe) porque ele(a) arrega”. O fato é comum e provavelmente você já presenciou (ou até foi o protagonista de) um momento como este:
Filho(a): Mãe, posso comer sorvete?
Mãe: Não, só depois do almoço.
Filho(a): Mas mãe...
Pai: Dá um pouco de sorvete para a criança, mulher! O que custa?


Veja que, no exemplo acima, há um conflito de ideais perante à situação, e expor esse conflito na frente do filho dá a ele a impressão que não há uma hierarquia familiar, onde “pais mandam em filhos”, mas sim uma anarquia onde “cada um pode fazer o que quiser, inclusive eu”. E nesse caso, estamos a um fio de ouvir a criança mandar um “Eu quero e pronto! O que custa?” na próxima vez que ouvir uma negativa de um dos pais.


"Não me interessa como, eu quero agora!"


A melhor forma de tratar essa situação seria o pai reforçar o “não” da mãe e, em um outro momento, em que estivessem sozinhos, o pai explicar à mãe seu ponto de vista, dizendo que, numa próxima vez, ela poderia reavaliar a condição de dar um pouco de sorvete para o filho. Em outras palavras, conversarem a respeito, apresentarem seus pontos de vista e, no fim, o marido acatar a opinião da mulher, já que casamento feliz é aquele onde a mulher opina e o marido concorda.


Topo do bolo do nosso casamento... Ok, mentira de novo.

Independente do grau de entendimento da situação (ou de noção) de cada progenitor, é muito comum (e até importante) que hajam pontos de vista diferentes, mas na frente da criança o pai e a mãe precisam falar a mesma língua, para ela compreender o significado daquele velho ditado que diz “quando eu digo NÃO é NÃO!”.

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