Esse vai ser um texto emocionado. Então, se você não gosta de melodramas... leia do mesmo jeito (dá uma força pra nóis, vai!).
Hoje meu filho completa 3 anos de vida, provavelmente tendo passado por mais dificuldades que muito marmanjo por aí. Nasceu às pressas, ficou sem contato com a mãe por 18 dias, apresentou uma condição adversa nos pés chamada “pé torto congênito” e teve que usar gesso e passar por cirurgia antes mesmos dos primeiros 120 dias. Antes de completar um ano, teve um problema na traqueia que até hoje os médicos não souberam explicar, e por isso teve que usar traqueostomia por mais de um ano. Não pôde aprender a falar, gritar, rir, abrir um berreiro. Às vésperas dos 2 anos de idade, quando finalmente removeu a traqueostomia, uma complicação na pós-cirurgia feriu o seu cérebro e ele perdeu movimentos, visão e capacidade de interação. Tudo isso poucos dias depois de ter aprendido a andar.
Pensem vocês, pais e aspirantes à paternidade, como se sentiriam ao olhar para seu rebento inerte, com os músculos retraídos e sem conseguir demonstrar o quanto depende do seu carinho e do seu cuidado. Um tio meu, que foi visitá-lo no hospital, disse para nós que “Deus não deixaria de curar um carinha tão legal quanto ele”, pois, independente de todos os problemas que ele teve antes dessa complicação, o guri sempre foi muito querido, sorridente e brincalhão.
E meu tio estava certo. Ele melhorou, se recuperou, tirou a traqueostomia e vem fazendo um treinamento intensivo para voltar a andar. Consegue se equilibrar apoiando nos móveis, já escala na estante da sala e no sofá, sobe escada de joelho e caminha se dermos uma só mão para ele. Realmente, Deus sorriu para ele e confirmou que ele é um carinha legal.
Admito que, como pai, ainda é difícil olhar para outras crianças de 3 anos, correndo, pulando, falando bem, às vezes até já andando de bicicleta, e não pensar que poderia ali ser meu filho, fazendo as mesmas traquinagens, caso não tivessem acontecido tantos percalços em sua curta vida. Mas aí lembro em como ele estava há um ano, quietinho numa cama de hospital, sem sequer olhar para nós, e aceito que, por mais que esteja difícil hoje, o pior já passou. Já escrevi aqui que acredito que tudo tem um motivo, e todas essas provações, tanto para nós quanto para ele, têm sim uma importância maior, e basta a nós aguardamos para ver. Acima de tudo, o que nos acalma é ver que, apesar de tudo o que já passou, ele é uma criança feliz, divertida e que contagia a todos que interagem com ele.
Então, nesse dia 18 de julho de 2017, quero apenas agradecer. Agradecer a quem rezou por ele, a quem nos ajudou nos momentos difíceis, aos próprios momentos difíceis (que nos fizeram crescer como família) e pela vida do nosso guri.
Feliz aniversário, carinha legal.
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