Ontem foi Dia dos Pais. Acordei, fiz meu café e fui interrompido durante a refeição porque meu filho acordou. Fui até seu quarto, troquei a fralda, escolhi uma roupa de acordo com meu gosto (que normalmente é o oposto do gosto da minha esposa) e já o arrumei porque iríamos sair de casa logo. Fiz sua mamadeira. Terminei meu café. Me troquei rápido e, quando voltei para a sala, o guri estava com um copo de vidro na boca, fazendo barulhos dentro dele e rindo com o som. Tirei o copo de perto. Coloquei o tênis nele. Coloquei o tênis em mim. Saí de casa com ele para almoçar com meu pai. Dei almoço para ele antes de eu almoçar. Ele dormiu no trajeto de volta. Tirei ele do carro, com chuva, um guarda-chuvas pendurado entre o ombro e o pescoço e muita dificuldade para tentar não fazê-lo acordar. Ele acordou. Troquei ele novamente e dei um lanche. Brincamos de fazer careta. Dei banho nele. Dei janta para ele. Saímos de volta para outro compromisso. Na volta, o coloquei para dormir, não antes de colocar o pijama e dar remédio. Ele dormiu.
Devia ter feito isso pra ele não pegar o copo
E assim foi meu Dia dos Pais. Um dia como qualquer outro de um pai que assume a responsabilidade de cuidar de um filho. Não teve almoço especial para mim, não teve café na cama, não teve presente, não teve apresentação da escola e nem bilhetinho escrito à mão com erros ortográficos. E quer saber? Nada disso fez falta.
Ele ainda não brinca de Lego, mas quando brincar,
vai ficar ainda mais fácil passar o dia com ele.
Quando criança, minha cabeça dizia que o Dia dos Pais era um dia em que você deveria se dedicar ao seu pai. Tentava juntar dinheiro para comprar qualquer coisinha para presentear o velho. Eu e meu irmão fazíamos café (ruim) para dar na cama para ele. Íamos almoçar com ele na nossa avó. “Vai almoçar com seu pai que vou almoçar com meu pai”, lembro da minha mãe dizer. Lá, almoçávamos, tomávamos café, assistíamos a algum filme, mas o que menos fazíamos era passar um tempo com nosso pai (que normalmente ficava na companhia dos nossos tios). Mas o importante para nós era que ele soubesse que estávamos lá por causa dele.
Definição gráfica de um bom Dia dos Pais
Mas qual o verdadeiro significado do Dia dos Pais? Talvez sirva como lembrete de que se deve gastar um pouco de tempo com seu pai, ou então só uma desculpa do comércio para vender alguma coisa no hiato entre Páscoa e Natal. Quem sabe, serve para “homenagear aquela figura que sempre esteve ao seu lado”, mesmo que muitos pais não façam isso pelos seus filhos. Depois de virar pai, descobri que o Dia dos Pais é apenas um dia comum. Um dia em que você deve exercer sua paternidade — como todos os outros. Então, a dica que deixo é: faça valer seu papel de pai para que, no futuro, você mereça cada apresentação de escola, café da manhã, presente, bilhete escrito à mão e, principalmente, ser chamado de forma orgulhosa de “pai”.
Feliz Dia dos Pais!
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