Meu filho tem o costume de apontar as coisas com o dedo do meio. Tentei exaustivamente mostrar a ele que não é esse o dedo correto, e até funcionou com a mão esquerda, mas a direita ainda insiste em exibir o pai-de-todos em destaque. Certo dia estávamos em uma igreja pequena, na missa dominical. A igrejinha, cheia, tinha pessoas apinhadas até fora da porta, e eu, embora tivesse conseguido um lugar lá dentro, precisei sair para tentar fazer o guri dormir. Deitei-o no colo e comecei a andar de um lado a outro, embalando-o, e ele teimando em continuar acordado. De repente, um avião cruzou o céu e ele viu. Instintivamente, o guri, deitado, ergueu o braço direito e apontou o dedo do meio, em riste, para o avião, em meio à todas aquelas pessoas reunidas para um encontro católico. Por mais que não tenha sido sua intenção, quem estava lá e viu apenas um pequeno bracinho erguendo um dedo que comumente é utilizado para demonstrar desafeição pode ter tido um entendimento diferente do que “olha lá um avião!”. Enfim, momentos embaraçosos fazem parte da paternidade.
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