terça-feira, 31 de outubro de 2017

Quando o ser humano deixa de ser egoísta


Nós, seres humanos, somos egoístas por natureza (nota do autor: se por acaso você for um alienígena, perdoe minha generalização). Por mais que vivamos em sociedade e dependamos uns dos outros, no fundo sempre buscamos satisfazer nossas próprias vontades, o que faz ser muito raro aquilo que chamamos de altruísmo. Contudo, quem é pai ou mãe já deve ter se visto numa situação onde se esquece completamente das suas vontades para fornecer ao seu filho ou filha um momento só dele(a). O momento mais recente, para mim, foi há algumas semanas, com meu primo, num aeroclube.

Meu tio tem um trike, que é basicamente um triciclo motorizado. Não é nada espetacular, deve chegar no máximo a uns 30 km/h, mas ainda assim, dei as primeiras voltas com meu filho no colo andando bem devagarinho e usando uma das mãos para segurá-lo contra meu corpo, com medo dele se jogar ou algo assim. Qual não foi minha surpresa a, pouco tempo depois, ele mesmo se prontificar a segurar o guidão com suas mãozinhas e olhar para trás, para mim, sorrindo, cada vez que eu acelerava um pouco mais? No fim, estava tacando-lhe pau no melhor estilo Marcos da Vó Salvelina (alô memes de 2013, um abraço!) e ele curtindo a beça cada volta.

É parecido com esse aí

O mais interessante disso tudo é que, embora seja bacana brincar com o trike, é algo que enjoa rápido para um pseudo-adulto tal qual eu. Mas, ao ver como o guri estava empolgado e se divertindo com tudo aquilo, minha vontade era de dar mais e mais voltas, para ter certeza que, no fim do dia, ele iria se lembrar, de forma feliz, do dia que teve. Podia aproveitar o tempo de outra forma, interagindo com meu primo, com meus tios, com a minha esposa, mas quis ficar ali, com ele. No fim do dia, recordando de como ele tinha ficado radiante com a brincadeira, eu acho que finalmente entendi o que significa ser pai: deixar de ser tão egoísta para aprender a servir aquele que depende de você para tanta coisa - inclusive para se divertir.

"Perguntei ao meu marido como as coisas estavam indo, e ele me mandou essa foto"

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Curtinha #9


Ontem cortei o cabelo numa barbearia de portinha no centro da cidade. Tinha um rádio relógio tocando Chicago - If you leave me now, circulador de ar Britânia pra dissipar o calor, barbeiro de bigodão e cabelo estilo Chitãozinho e Xororó anos 80 e, no final do corte, como loção pras partes que usou navalha, passou Leite de Colônia verde. Por mais estranho que pareça, lembrei da minha infância. Na minha época de guri, não existiam cabeleireiros especializados em cortes infantis. Nada de banco de carrinho ou de cavalinho. Nada de Galinha Pintadinha passando numa TV. Nada de brinquedos, pula-pula ou piscina de bolinhas. A criança sentava num caixote de madeira e o tiozão de bigode e cabelo com mullets cortava seu cabelo como se fosse um adulto. Ainda assim, não me lembro de ter problemas ao cortar o cabelo, enquanto meu filho, mesmo com todos os brinquedos e distrações proporcionados pelo estabelecimento infantil, ainda morre de medo da maquininha. Não sei que conclusão tirar disso, mas é interessante ver o contraste gigantesco de um mesmo evento num espaço de apenas 25 anos.