terça-feira, 5 de abril de 2016

Enfim, sós


Sempre defendi o fato que o casal precisa reservar um tempo a sós, mesmo que a prioridade seja cuidar dos pequenos meninotes que compõem a família. Claro que é complicado encontrar alguém de confiança que aceite ficar com as crianças enquanto o casal se diverte, por isso o mais comum é conseguir sair apenas para ir a um cinema ou a algum lugar para jantar - normalmente no horário em que o bebê já está dormindo. Mas no mês passado conseguimos um feito raro, ousado e malemolente: viajamos por um fim de semana inteiro - e apenas a dois.


Lugar feio, né?


Foi necessário muito estudo e estratégia, de forma que fosse possível ficarmos tanto tempo longe do filho, enquanto minha sogra cuidava dele em casa. Deixamos uma lista extensa com cuidados, observações, posologia de remédios, telefones de emergência, telefones de pessoas que sabiam outros telefones de emergência e telefone de pessoas que conheciam pessoas que talvez soubessem mais telefones de emergência. Parece exagero, mas é necessário um cuidado todo especial por conta da traqueostomia.


Minha sogra lendo as nossas anotações


Enfim, iniciamos a viagem, rumo ao litoral. Ligamos para casa no meio do caminho para saber se estava tudo bem. Ligamos para casa quando chegamos no local para saber se estava tudo bem. Ligamos para casa antes de dormir para saber se estava tudo bem. Mas, a partir do dia seguinte, as ligações se tornaram menos frequentes, e aos poucos pudemos relaxar e curtir a viagem como se houvesse só nós dois. Saber da máxima que “notícia ruim corre rápido” ajudou nesse processo, e logo começamos a aguardar ligações ao invés de fazê-las.


"Ei, mãe e pai! Por que não ligaram mais pra mim?"


No final, tudo deu certo - conseguimos curtir a viagem, o guri não deu trabalho para a minha sogra e aprendemos que há sim vida conjugal após a gravidez. É algo que recomendo a todos os casais. Mas, apesar de termos feito praticamente uma “mini lua-de-mel”, algo estranho aconteceu: a todo momento em que havia uma criança brincando na areia, um bebê se protegendo do sol com um chapéu do Nemo ou um bacurizinho correndo da onda do mar, nós prestávamos atenção e fazíamos comentários. Ou seja: por mais longe que possamos estar dos filhos, não há como se desconectar por completo - e essa é uma mudança que nunca desaparecerá.


Um comentário:

  1. Muito bom, muitos casais não fazem isso, uma pena. Acredito que fortalece a relação além de contribuir com o amadurecimento das crianças no quesito ansiedade, expectativa e a delícia de matar saudades...

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