quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O paraíso dos gordinhos


Pensa numa pessoa magra. Agora pense nela de lado. Agora pense em uma pessoa de frente tão magra quanto a pessoa magra de lado. Esse era eu há cerca de 8 anos atrás. O tempo, contudo, aliado à minha gordice desenfreada, foi cruel comigo, e hoje tenho um corpo mais arredondado do que deveria. Eu tenho lutado contra, afinal vou e volto do trabalho quase todos os dias de bicicleta, almoço cerca de 350g de comida caseira, com uma quantidade aceitável de salada e evitando ao máximo frituras, evito tomar refrigerante. Mas perco a linha no momento em que colocam na minha frente uma bandeja com coxinhas, bolinhas de queijo e brigadeiros. O problema se agrava no momento que você tem um filho, afinal crianças conhecem outras crianças, e essas crianças fazem aniversário - e você tem que levar seu filho nos aniversários. Aniversários esses que estão recheados de bandejas com coxinhas, bolinhas de queijo e brigadeiros.

E tenho dito!

Essa extensa introdução foi apenas para tentar - em vão - justificar o fato que, por mais que eu tente (e deseje) manter um corpo sarado e saudável, o universo de um pai conspira para que ele ganhe uma pança de respeito - e não estou nem falando de cerveja e churrascos da galera do futebol. Aniversários de criança normalmente possuem a maior quantidade de porcarias alimentícias por metro quadrado dentre todos os eventos sociais conhecidos pelo homem, e enquanto elas gastam as calorias (que ganham ao comer aquelas bolas de farinha e ovo fritas em óleo denso e as bombas de açúcar e chocolate cobertas por confeitos) correndo, brincando de pique-esconde, de cama elástica e num bate-bola qualquer, os pais ficam sentados na mesa e consumindo de forma letárgica os mesmos alimentos - afinal, o que há de melhor para fazer?

Eu

O pai (no caso, eu) normalmente é o mais bem-aventurado nessas ocasiões, afinal é comum que as mães façam amizades com as outras mães, e o pai fica responsável por simplesmente a) levar a família na festa (como bom patriarca que é), b) comprar o presente de aniversário (para mostrar à família do aniversariante que o prejuízo que ele causará ao comer e beber demais não terá sido em vão) e c) sentar na mesa e comer, de forma quase anônima, enquanto filho e mãe socializam. Apesar desses passos simples, o pai precisa se policiar para não comer como se sua vida dependesse daquela refeição, pois aí ele corre o risco de ser o “gordinho misterioso” da festa, aquele que todos os convidados reparam e comentam que está comendo horrores, mas ninguém sabe exatamente quem ele é, com quem veio e qual a criança que está fadada ao sobrepeso caso herde a compulsão paterna.

Eu [2]

Por fim, talvez o sentimento mais triste de ir a aniversários é o dia seguinte: você sempre se lembra, com saudades, daquela coxinha que ficou no prato porque você não aguentou mais, aquele brigadeiro que acabou ou o cupcake que parecia bonito na mesa mas você ficou com vergonha de pegar. O único pensamento possível é “deveria ter comido mais”. Não adianta: aniversários de criança são um paraíso para os gordinhos, e você, enquanto pai, deve honrar a tradição de acompanhar suas crianças nessa empreitada, afinal, ao menos uma vez ao ano, você é que vai financiar essa comilança toda.

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