quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tédio x Imaginação


Quem me conhece ou acompanha o Um Ser Pai há um tempo deve saber o quanto sou contra o uso de gadgets e parafernalhas para distrair as crianças. Basta um passeio no shopping para ver a quantidade de crianças (na praça de alimentação, por exemplo) com um iPad ou um celular, brincando de joguinhos enquanto a família interage entre si. Essa necessidade que os pais veem em matar o tédio da criança (talvez para não precisar se importunar com elas) está acabando com uma das fontes mais importantes de entretenimento que uma criança pode ter: a imaginação.

Iiiimagiiinaçããoooo!

O artigo em que tenho me baseado dá exemplo do tédio durante uma viagem de carro (algo que hoje é “facilmente” erradicado com DVD players e celulares), e isso me fez lembrar como eu me comportava quando era um pequeno bacuri: ficava olhando os outros carros, fingindo que estávamos numa corrida, ou então vendo as placas deles e tentando montar frases ou nomes com as siglas. Quando chovia, fazia disputas entre os pingos d’água que corriam pela janela. Outros casos envolvem encontros entre adultos nos quais meus pais precisavam me levar, fosse em família ou em amigos, e eu tinha que dar um jeito de me distrair - e até onde me lembro, conseguia fazer isso sem encher o saco deles. A necessidade de combater o tédio era o maior combustível para a minha criatividade - até mesmo quando estava em casa.

Esse, por exemplo, seria o carro do Sílvio Santos

Por isso, pretendo evitar a exposição do meu filho a esses apetrechos tecnológicos, ou até mesmo a ligar um desenho no Netflix e deixá-lo lá, hipnotizado, enquanto passam 500 tipos de desenhos diferentes. Será fácil? Duvido muito, pois hoje já deixamos ele no cercado com vários brinquedos para podermos ter tempo para executarmos nossas tarefas ou até mesmo ligar um filme e ter um momento “só nosso”. Contudo, há uma diferença básica entre criar uma distração (com um celular, por exemplo) ou forçar uma distração (deixando claro que naquele momento não dá para dar atenção à criança). A primeira opção parece ser o caminho mais simples, mas também o mais provável de criar uma pessoa alienada e imediatista, que se frustra facilmente ao não conseguir o que quer pelos meios mais simples.

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