quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Quanto custa um bebê?


Algo que é muito importante ter em mente quando decide-se ter um bebê é analisar o orçamento familiar, porque se você acha que comprar ração e pagar as vacinas do seu cãozinho já é algo muito caro, vai ter uma nada agradável surpresa ao começar a cuidar de um herdeiro.



Não vou nem entrar no mérito dos bens duradouros, como quarto do bebê (que eu, com muito esforço e pensando só no básico, gastei cerca de 2 mil reais), carrinho (importado diretamente do Paraguai) e enxoval, mas sim no custo mensal - ou seja: no quanto você tem que ter na carteira antes do dia do pagamento para conseguir fechar as contas sem entrar no cheque especial.


  • Fraldas:
A não ser que você tenha muito tempo livre e espírito aventureiro para limpar fraldas de pano, provavelmente usará fraldas descartáveis no filhote. Uma boa fralda (custo x benefício), em daqueles pacotes econômicos, sai cerca de R$ 0,70. A média de troca de fraldas é de 3 em 3 horas, salvo na hora de dormir, que deve durar um pouco mais. Com isso, podemos fazer uma média de 7 fraldas por dia. Logo, no mês: R$ 0,70 x 7 x 30 (dias) = R$ 147,00;


Você também pode tentar buscar alternativas para o uso das fraldas


  • Lenço umedecido:
Junto com a troca de fraldas, também vem o uso de lenços umedecidos. Pra uma troca simples (apenas xixi), gasta-se um só. Mas, dependendo da ferocidade intestinal do rebento, uma boa limpeza bumbunzística pode tomar até uns 7 lenços. Logo, farei uma média de 2 lenços por troca. Como definimos 7 trocas por dia, e levando em conta um pacote grande, com 96 lenços, calculamos que um pacote dura: [96 / [2(lenços) x 7 (trocas)]] = +- 7 dias. Uma caixa de lenço de qualidade, com 96 lenços, custa cerca de 14 Dilmas. Então, o valor mensal fica: [30 / 7] x R$ 14 = R$ 60,00;


Outra alternativa é deixar o bebê de molho por alguns minutos


  • Pomada para assaduras
É difícil definir a quantidade exata utilizada em cada troca de fraldas. Por isso, vou apenas definir que um tubo de pomada de 45g dura cerca de um mês. Um de boa qualidade custa cerca de R$ 16,00;


Deixar a criança brincar com o creme pode diminuir consideravelmente a taxa de apenas uma pomada por mês


  • Leite:
Já é sabido que o correto é o bebê só se alimentar com leite materno pelo menos até os 6 meses de vida, mas às vezes é necessário que ele tome os leites tipo “Nan” desde o início. Independente disso, após os 6 normalmente ele vai precisar de complemento, e - após 1 ano - mais ainda. Fazendo uma média de 270ml de leite por dia (levando em consideração que, quando mais novo, toma menos leite por refeição, mas faz mais refeições, invertendo a proporção de acordo com o crescimento), a dose desses leites ser normalmente de uma colher (5g) a cada 30 ml, e uma lata - que custa, em media também, R$ 35,00 - possui 800g de leite em pó, podemos definir que, no mês: [30 (dias) / [800(g da lata) / [9 (colheres) x 5 (g)]]] = 1,7 (latas no mês) x R$ 35,00 = R$ 59,50;


LEITE!

  • Remédios/Vitaminas:
Provavelmente o pediatra do seu picorrucho vai receitar vitaminas para ele tomar durante o crescimento, além de vez ou outra ter que comprar um remédio para prevenção de gripe, de problemas respiratórios, de dores como cólica e nascimento dos dentes, entre outros imprevistos. No caso da vitamina (e aqui vou definir a que o meu filho usa), o custo de um vidro - que dura exatamente um mês - é de R$ 35,00. Um analgésico para bebês estilo “Paracetamol” custa cerca de R$ 12, mas duram pra caramba, então não vou nem colocar nas contas. Façamos então uma média de R$ 50,00 por mês de custos farmacêuticos.


Não são essas as vitaminas, mas poderia viver delas sem problemas!


  • Danos materiais:
Que atire a primeira pedra quem tem um filho pequeno que nunca destruiu sequer um porta-retratos da estante da sala. Os danos podem ser mínimos, como rasgar uma nota de dinheiro ou vomitar no banco do carro, mas nunca subestime o poder destrutivo de uma criança: ele pode quebrar seus óculos, comer parte do seu cheque de pagamento, empurrar a cristaleira da sua avó para o chão ou botar fogo naquele tapete persa da sua cunhada. Por isso, tenha em mente ter uns R$ 200,00 de reserva no mês. Caso sua criaturinha fofa não tenha feito nada de errado, aproveita pra levar a patroa para jantar em algum lugar bem bacana.


"Lavanderia" e afins também fazem parte dos prováveis custos


  • Hot Wheels:
Eu compro um por mês pra ele. Me julgue. R$7,90.

Logo, seu orçamento mensal deve ser de cerca de R$ 540,40 positivos para, pelo menos, custear o básico para seu filho ou filha (e sim, os Hot Wheels estão incluídos nessa conta). Pense nisso antes de aquirir um exemplar! Fazer um filho é de graça, mas mantê-lo não é tão tranquilo assim!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Anyway the wind blows


Uma das maiores frustrações da minha vida é o fato de eu não saber cantar. Acho que trocaria toda a minha (pouca) capacidade de tocar instrumentos por uma boa empostação de voz. Por causa disso - e também pelo fato da minha esposa cantar incrivelmente bem - eu morro de vergonha de cantar qualquer coisa. Pelo menos enquanto estou sóbrio.

Da série "Perigos de cantar bêbado"

Contudo, nesses dias, estava no carro com meu filho, esperando minha esposa que foi à farmácia. Ele estava impaciente, provavelmente com fome, ou sono, e nenhum dos brinquedos dele faziam efeito. Aí começou a tocar Bohemian Rhapsody na rádio, e eu comecei a cantar para ele - do meu jeito, claro. Ele começou a prestar atenção, a rir - provavelmente do papelão que eu estava fazendo - e a bater palmas. Incrivelmente, ele permaneceu tranquilo e atento durante os cerca de 6 minutos da épica canção do Queen.

"MAMAAAAAAAAAAAAAA, uh uuuuhhh!"

Na verdade, o mais surpreendente foi constatar como a relação pai-filho pode funcionar de forma tão empática e natural - por mais que não tenha sido eu que dei a luz, que dei de mamar no peito, que o acalmei em tantas madrugadas ou que passa muito mais tempo com ele no dia-a-dia. Não estou dizendo que minha relação com ele é melhor do que a dele com minha esposa (mesmo porque não tem como competir com mãe), mas é totalmente compreensível, do ponto de vista lógico, o filho ter tanta ligação com a mãe, por tudo que comentei acima, mas a ligação com o pai é algo muito mais abstrato e esotérico.

Tá aí o Baby pra comprovar

O fato é que, dentre todas as pessoas do mundo, ele é o único que não me deixou com vergonha quando cantei - por mais desafinado que tenha sido. E, de todas as pessoas do mundo que não fariam diferença alguma para ele naquele momento de impaciência, eu consegui entretê-lo, fazendo algo que, para ele, com certeza não fez sentido algum. “Por que esse cara tá emitindo sons estranhos com a boca e mexendo as mãos freneticamente?”, ele poderia pensar. Mas não, ele achou algo divertido, e que resolveu seu desconforto - pelo menos durante aqueles 6 minutos.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Tamanho não é documento


Uma frase recorrente que temos ouvido durante o último ano ao andar com nosso filho é “como ele é pequinininho!” - principalmente após responder a uma pergunta “quantos meses ele tem?”.

Estive num aniversário de criança nesses tempos, onde um bebê de apenas 9 meses já pesava 8,5 kg e já tinha praticamente a altura de um hobbit. Fato semelhante ocorre com o filho de um casal amigo nosso, que já possui 1 ano e 3 meses e já anda, corre e só não dirige porque a lei não permite. Levando em consideração essa geração de mini “Vin Diesels”, é natural olhar para o nosso guri e achá-lo pequeno. Contudo, basta algumas observações para entender o motivo: além dele ter nascido prematuro, eu tenho 1,69m, e minha esposa, 1,55m. Aí fica difícil ser muito grande, não é? O curioso é que, ainda assim, sou maior que meus pais.

Isso que dá dar mamadeira com fubá desde cedo

Essa tal de genética é um negócio engraçado. Basta voltar alguns anos no passado, quando estava no primeiro ano do ensino médio, e lembrar que eu possuía a mesma altura que outro amigo meu - e esse mesmo amigo hoje é padrinho do meu guri, com seus “um metro e quase dois”. Ao chegar na minha casa - que tem o pé direito baixo - ele acerta a cabeça no lustre ao menos uma vez por visita, no melhor estilo Gandalf na toca do Bilbo. Outro fato engraçado é com meu sobrinho, que mesmo tendo os pais com mais ou menos 1,70m cada, já tem 1,47m com apenas 9 anos.

Cuidado com a cabeça, padrinho.

O pior é ouvir os altos reclamando que “sofrem” por causa do tamanho. Desculpem-me, mas eu, que fui a vida toda vítima da (falta de) altura, não consigo aceitar. Se você nunca ficou sem poder entrar num brinquedo no parque porque não tinha a altura mínima, ficou atrás de uma criatura com o cabelo igual ao do Valderrama em um show de rock ou perdeu o ponto do ônibus por não alcançar o cordãozinho da campainha, não pode reclamar de nada a respeito de altura.  

Bem vindo ao mundo de acordo com meu ponto de vista.

Torço para que a lógica continue a funcionar, e que ele seja mais alto que eu no futuro. Sei que provavelmente não será um jogador de basquete - independente da quantidade de Biotônico Fontoura que eu possa dar a ele - mas se passar do tamanho médio do homem brasileiro, já estarei feliz. Por fim, fica a dica: não fale para os pais que o filho deles é “pequenininho”. É o tipo de comentário que está na categoria "desnecessário".

domingo, 9 de agosto de 2015

Feliz dia dos pais, filho.

Filho, hoje é Dia dos Pais aqui em 2015, e aí, em 2043 - se meus cálculos estiverem certos - deve ser também. Você já está com 29 anos e - se não decidiu ser padre ou pôs na cabeça que é complicado demais ter filhos - já deve ser pai ou estar pensando em como será ter um(a) bacurizinho(a) pra chamar de seu(ua). Pois bem, vou deixar aqui algumas palavras que talvez sejam úteis para você aí no futuro, e torcer para que algo tão arcaico como a Internet não tenha se tornado obsoleto no seu tempo e que a Skynet não tenha dominado a humanidade (ainda).


Filho, se você não sabe o que é a Skynet, procure no seu serviço de streaming favorito os filmes do “Exterminador do Futuro”. Mas veja só os dois primeiros, porque o resto é uma porcaria.


Talvez você esteja se perguntando no momento o que acarreta ser pai e como seus planos e desejos pessoais podem acabar ficando em segundo plano. Bem, um pouco antes de eu e sua mãe termos você, estávamos planejando uma viagem para o exterior. Sei que talvez você não entenda que antigamente demandava muito dinheiro e tempo livre, já que agora vocês provavelmente viajam usando máquinas de teletransporte, mas nós precisávamos usar grandes transportes aéreos de metal chamados “aviões” - você deve ter aprendido sobre eles nas aulas de história. E viajar de avião era muito caro, principalmente para fora do país. Também, pouco depois de você nascer, eu queria ir ao show do Foo Fighters - banda que, agora, deve estar perto de lançar o vigésimo disco, não? - mas achei que você e sua mãe precisavam mais da minha presença do que Dave Grohl e sua trupe.

Sinto muito, Dave.


Na mesma época eu quase comprei um Playstation 4 também. É um modelo antigo do Playstation 27X-Pro-Ultra-Gamer que você deve ter agora. Mas eu já tinha um PS3, e não precisava tanto de um videogame novo quanto você precisava de roupas, leite e Hot Wheels. Pois é, filho, antigamente as crianças tomavam leite, e não essas supervitaminas proteicas que são vendidas em cápsulas na sua época.


Espero que as pizzas já sejam feitas assim aí no futuro


Enfim, filho, o que quero te dizer é que é normal estar inseguro, não ter certeza se é capaz de criar e custear uma criança, ou ainda, imaginar se essa é a hora certa de ter um filho, já que há tanto que você queria fazer antes. Muitos dos planos meus e da sua mãe acabaram ficando em haver, mas a culpa não foi sua, e sim nossa. Nós que não nos preparamos para fazer todas essas coisas antes. Nós que postergamos, não colocamos metas  ou não levamos a sério nossos planos, seja por falta de dinheiro, de tempo, de vontade ou de empenho. Mas você veio na hora certa, na hora que tinha que vir, e por mais que não estejamos mais saindo para jantar ou planejando viagens surpresa no fim de semana - pois temos você pra criar - eu sei que fiz a escolha certa. E cada sorriso que você dá pra gente hoje mostra que estamos criando você direitinho.


Por isso, não tenha medo. Se você já é pai, acredite que é porque você já está preparado - e se você tinha planos que não foram concretizados, talvez tenha a chance de fazê-los mais no futuro, quando meu neto (ou minha neta) tiver idade para te acompanhar. Se não é pai ainda, veja se consegue encaixar esses planos na sua vida agora. Contudo, se a vontade de ser pai já for muito grande, acredite nesse sentimento e vá com fé. A sua vida vai virar de cabeça para baixo, mas é bem legal ver o mundo dessa posição.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A arte de falar "nenenês"

Há séculos a ciência tenta entender o comportamento de um certo ser vivo, que emite sons incompreensíveis e de tom agudo quando está na presença de um recém nascido de sua mesma espécie, independente de grau de parentesco ou de proximidade com os progenitores do pequeno rebento.

A aproximação tende a ser um tanto agressiva, sem se importar se o pequeno espécime está com seus pais, ou sozinho, ou sequer se está preparado para iniciar uma interação social. Quando menos se espera, o ser supracitado já está com os braços esticados, esperando poder agarrar o filhote, ou então fazendo movimentos frenéticos, tapando os olhos ou utilizando seus polegares opositores para fazer movimentos de “pinça”, enquanto emana um som parecido com “maiquicoisamaibunitinhadexaeuapertáessasbochecha”.

Dá pra ver na cara da criança como ela está feliz

Historiadores dizem que a primeira palavra de um dos Reis Magos ao visitar Jesus na manjedoura foi “óóóin, que fofura! Posso pegar no colo?”. A irmã de Ptolomeu teve um ataque de fofura ao ver a pequena Cleópatra e disse “Quero morder essas dobrinhas!”. Quando os pais de Einstein chegaram em Munique, o tio do pequeno Albert olhou para ele e exclamou “Que coi-si-nha-mais-gor-du-cha! Midimininibinibibi!”.

Gaspar: ele é a sua cara, José!
José: mas eu não sou o pai biológico.
Gaspar: ...eita.

Ok, talvez (e só talvez) os fatos acima sejam apenas obras de ficção. Mas eu posso afirmar por mim mesmo que reações como essas são mais comuns do que se imagina. Já fomos parados na rua por pessoas completamente desconhecidas apenas para que pudessem falar, usando o famoso "nenenês", que nosso filho era uma coisa fofa - fato observado com profunda feição de desaprovação pelo menino. Fatos similares ocorrem a cada nova visita em nossa casa, assim como também ocorreu com cada enfermeira/médico/funcionário do hospital no período que ele ficou internado.

A reação também é conhecida como "Complexo de Felícia"

É muito engraçado prestar atenção nisso quando se é um “observador externo” - pois as pessoas simplesmente esquecem do mundo ao redor e um provável senso do ridículo que deveria possuir. Realmente gostaria de descobrir o que causa essa necessidade de agir e falar igual um indivíduo com sérios problemas de comunicação. Principalmente porque eu também ajo como essas estranhas criaturas, afinal, ele é tããããão bunitiiiim né?