quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Anyway the wind blows


Uma das maiores frustrações da minha vida é o fato de eu não saber cantar. Acho que trocaria toda a minha (pouca) capacidade de tocar instrumentos por uma boa empostação de voz. Por causa disso - e também pelo fato da minha esposa cantar incrivelmente bem - eu morro de vergonha de cantar qualquer coisa. Pelo menos enquanto estou sóbrio.

Da série "Perigos de cantar bêbado"

Contudo, nesses dias, estava no carro com meu filho, esperando minha esposa que foi à farmácia. Ele estava impaciente, provavelmente com fome, ou sono, e nenhum dos brinquedos dele faziam efeito. Aí começou a tocar Bohemian Rhapsody na rádio, e eu comecei a cantar para ele - do meu jeito, claro. Ele começou a prestar atenção, a rir - provavelmente do papelão que eu estava fazendo - e a bater palmas. Incrivelmente, ele permaneceu tranquilo e atento durante os cerca de 6 minutos da épica canção do Queen.

"MAMAAAAAAAAAAAAAA, uh uuuuhhh!"

Na verdade, o mais surpreendente foi constatar como a relação pai-filho pode funcionar de forma tão empática e natural - por mais que não tenha sido eu que dei a luz, que dei de mamar no peito, que o acalmei em tantas madrugadas ou que passa muito mais tempo com ele no dia-a-dia. Não estou dizendo que minha relação com ele é melhor do que a dele com minha esposa (mesmo porque não tem como competir com mãe), mas é totalmente compreensível, do ponto de vista lógico, o filho ter tanta ligação com a mãe, por tudo que comentei acima, mas a ligação com o pai é algo muito mais abstrato e esotérico.

Tá aí o Baby pra comprovar

O fato é que, dentre todas as pessoas do mundo, ele é o único que não me deixou com vergonha quando cantei - por mais desafinado que tenha sido. E, de todas as pessoas do mundo que não fariam diferença alguma para ele naquele momento de impaciência, eu consegui entretê-lo, fazendo algo que, para ele, com certeza não fez sentido algum. “Por que esse cara tá emitindo sons estranhos com a boca e mexendo as mãos freneticamente?”, ele poderia pensar. Mas não, ele achou algo divertido, e que resolveu seu desconforto - pelo menos durante aqueles 6 minutos.


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