Quer dizer, nem tudo. Ainda não ajo assim com o filho dos outros, mas com o meu já ganhei o diploma de bestão com louvor. Não sei, acho que com ele posso ser mais natural, não preciso temer ser julgado ou não ser aceito - afinal ele não tem muita escolha, sou o pai dele e ponto. Fora que é papel crucial dos pais fazer seus filhos passarem vergonha em vários momentos da vida.
Agora que ele aprendeu a rir, fico parecendo um macaco de circo na frente dele, na busca frenética por tirar uma risada. Falo bobo, faço caretas e barulhos estranhos com a boca e com a língua, tentando em vão fazê-lo sentir cócegas na barriga e debaixo do braço, entre outras peripécias que sou grato a Deus por saber que o guri não se lembrará quando tiver idade para falar. Também acho ótimo que ele não tenha um gravador de vídeo que posta automaticamente as gravações no Youtube - mas fica a dica pra alguma empresa de tecnologia que queira implementar algo assim em chupetas, babadores e bonés para bebês. Nicho de mercado, hein!
O pior é que gasto um bom tempo nessa bobeira, e cada décimo de segundo em que ele esboça um sorriso me dá forças para esquecer minha dignidade e continuar ainda mais, até ele visivelmente ficar de saco cheio. Mas aquele décimo de segundo, aquele momento em que ele faz um som, eu repito e ele torna a repetir também, valem por todo o esforço e toda vergonha na cara que deixo para trás ao brincar com ele. Enfim, aprendi a agir com uma criança pequena, mesmo que seja só com a minha. No final, ela é a que mais importa.