sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Posso brincar com você?

Quem me conhece, sabe que sou um nerd e não me envergonho disso. Volta e meia eu tenho uma vontade imensa de jogar RPG de mesa (se você não sabe o que é, clique aqui - mas já vou avisando que a explicação é muito mais chata que o jogo em si!).

Épico.

Minha esposa tem o mesmo desejo que eu - sim, é um dos motivos por eu ter casado com ela - e, junto a alguns amigos nerds que temos (e que já jogamos juntos), resolvemos tentar jogar mais uma vez. Só que havia um pequeno porém: nós temos um bebê prematuro, que não podia sair de casa e nem receber visitas, tendo em vista o sistema imunológico frágil. Bem, eu estava tão empenhado que pesquisei na internet e consegui encontrar um site para jogar virtualmente, além de um programa para fazer uma “audioconferência”, e todos jogarmos cada um em seu humilde lar. Em miúdos, resolvi o problema de locomoção e de localidade. Agora era só jogar, certo? Errado.

o meu já tem um desses!

Após várias tentativas - todas em fins de semana, já que durante a semana todos trabalham - conseguimos jogar uma única vez, e só por duas horas, com um dos membros do grupo ausente. Nas outras semanas, sempre um, dois ou três não podiam - era festa, aniversário, compromisso de família, compromisso de faculdade… Alguns tinham um horário bem restrito, do tipo “sexta-feira, das 21h45 às 23h39”. Por fim, o jogo morreu.

Depois disso, fiquei pensando em quantas vezes ouvi pessoas dizerem que depois que o filho nasce, os pais perdem a liberdade de se entreter como antes. “Esqueça o videogame, cara!” ou “vocês nunca mais verão um filme juntos” foram algumas das que já me falaram. Pois bem, naquele único domingo que pudemos jogar RPG, eu vi a minha esposa com o guri mamando em um peito e o notebook do outro lado, jogando normalmente conosco. Antes disso, eu estava com ele no colo, arrumando as coisas para começarmos o jogo. Já faz alguns dias também que eu e minha esposa jogamos Resident Evil juntos enquanto o rebento está conosco (mas não deixamos ele olhar para os bichos do jogo, fiquem tranquilos).


Num tô vendo, ó!

Esse episódio me ensinou duas coisas: 1- não é questão de ter um filho ou não, e sim questão de ser adulto - nunca mais teremos a mesma liberdade para fazer o que quisermos como podíamos quando mais novos. Temos emprego, faculdade, pós graduação e até mesmo vida social para dar atenção; e 2 - quem realmente quer fazer algo, se esforça para conseguir - e quem não quer, arranja uma desculpa. Não era uma tarefa fácil conciliar a jogatina com os horários e demandas do nosso filho, mas eu e minha esposa arranjamos todas as formas possíveis para fazê-lo. Ainda assim, parecia ser mais difícil ainda para os outros fazerem o mesmo.

Também não posso ser prepotente e achar que, só porque nós temos um filho, e os outros não, pra nós sempre será mais complicado - mas provamos que tem como dar um jeito. E se você, leitor, acha que esse texto é apenas sobre nerds querendo jogar RPG, você não entendeu o recado.

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