sábado, 29 de novembro de 2014

Bobolhando

Eu nunca soube como agir com crianças, principalmente os mais novinhos. Nunca fui de ficar fazendo careta, falando igual besta (ou com voz de criança) ou até mesmo fazer “cuti cuti” e outras brincadeirinhas que fazem o bacuri te olhar com cara de “o que tá acontecendo aqui?”. Mas aí eu tive um filho, e tudo mudou.


“Me desculpe, senhor, mas o quê você está fazendo?”

Quer dizer, nem tudo. Ainda não ajo assim com o filho dos outros, mas com o meu já ganhei o diploma de bestão com louvor. Não sei, acho que com ele posso ser mais natural, não preciso temer ser julgado ou não ser aceito - afinal ele não tem muita escolha, sou o pai dele e ponto. Fora que é papel crucial dos pais fazer seus filhos passarem vergonha em vários momentos da vida.


Do grupo “tentativas que não deram certo”

Agora que ele aprendeu a rir, fico parecendo um macaco de circo na frente dele, na busca frenética por tirar uma risada. Falo bobo, faço caretas e barulhos estranhos com a boca e com a língua, tentando em vão fazê-lo sentir cócegas na barriga e debaixo do braço, entre outras peripécias que sou grato a Deus por saber que o guri não se lembrará quando tiver idade para falar. Também acho ótimo que ele não tenha um gravador de vídeo que posta automaticamente as gravações no Youtube - mas fica a dica pra alguma empresa de tecnologia que queira implementar algo assim em chupetas, babadores e bonés para bebês. Nicho de mercado, hein!


Do grupo "reações mais comuns do que a risada"

O pior é que gasto um bom tempo nessa bobeira, e cada décimo de segundo em que ele esboça um sorriso me dá forças para esquecer minha dignidade e continuar ainda mais, até ele visivelmente ficar de saco cheio. Mas aquele décimo de segundo, aquele momento em que ele faz um som, eu repito e ele torna a repetir também, valem por todo o esforço e toda vergonha na cara que deixo para trás ao brincar com ele. Enfim, aprendi a agir com uma criança pequena, mesmo que seja só com a minha. No final, ela é a que mais importa.

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