Imaginem o seguinte cenário: seu bebê está internado em um hospital, com laringite. Embora não seja tão preocupante, ele precisa ficar em observação, para verificar a melhora na respiração. Já é o segundo dia de internação, e no primeiro a mãe ficou com ele. Você, no papel de pai, marido e seguidor da política dos direitos iguais, se oferece para ficar, a fim da mãe poder desfrutar de uma noite tranquila de sono, no conforto do lar.
Agora imaginem que o quarto do hospital é para duas crianças. Seu filho está em uma cama, e outra criança - acompanhada sua mãe - na outra. A única forma de chamar uma enfermeira é apertando em um botão de alarme luminoso, que fica exatamente acima de onde a mãe da criança dorme, em sono profundo, num local praticamente impossível de alcançar sem tropeçar e cair em cima da pobre senhora.
Complicado tropeçar e cair em cima dos outros
Para completar, imaginem que seu filho estava tomando soro para hidratação, e por isso, a troca de fraldas fazia-se necessária a cada 3 horas. Mas você deixou passar 4 horas. Com isso, a fralda vazou, molhando calça, body e colchão. É quase 1h da manhã. Você pensa “ah, mas é fácil resolver: basta trocar as roupas do bebê e inverter seu lado na cama”. Mas nada é tão simples nessa vida: ele está com o acesso ao soro em uma mão, e um monitor de batimentos cardíacos na outra. A única forma de tirar o body seria pedindo ajuda a uma enfermeira - a mesma que só viria ao apertar o alarme, e você não quer deixá-lo sozinho para sair pelos corredores atrás de uma, correto? Além disso - surpresa! - não tem como virá-lo exatamente por causa dos acessos, que são curtos.
Fralda cheia
Esse foi o cenário que enfrentei há exatos seis dias. E resolvi bem no estilo “pai” de ser: com gambiarras e de forma totalmente desastrada. Claro que só reparei na dificuldade de tirar a roupa quando já estava no meio do caminho, pois é assim que homens funcionam. Depois parei, olhei para o botão de alarme, olhei para o filho, olhei para os cabos - como se conseguisse achar uma forma milagrosa para fazer as mangas da camisa passarem através deles - e até pensei em catar uma tesoura e rasgar a roupa dele. Mas aí eu respirei fundo, e finalmente comecei a pensar direito: peguei duas calças - uma bem fina e uma mais grossa - e coloquei a mais fina por primeiro (SIM, eu troquei a fralda dele antes!), na melhor tendência “centropeito”; depois, fechei o body por cima dessa calça, deixando a parte úmida do body sem tocar diretamente na pele do guri; a calça mais grossa veio logo após, para deixá-lo quentinho; por fim, peguei o edredom que estava servindo de apoio para o travesseiro, desdobrei apenas uma parte e deixei por cima da parte molhada do colchão, e voilá! Ele dormiu feito um anjo, sequinho e confortável.
Pra quem não conhece a tendência "centropeito", é igual à foto acima
Acho que não existe um pai no mundo que já não passou por uma situação parecida: primeiro a reação de “aimeudeusaimeudeusaimeudeus”, depois pensa em várias soluções idiotas, que não resolverão nada, para depois achar uma saída - mesmo que não seja a mais prática ou aconselhável. E SIM, eu acredito que a mãe teria resolvido de uma forma muito melhor e menos custosa, mas ei - dá um crédito pro pai aqui, afinal eu resolvi o problema, não?
pai esquentando o mamá pro filho
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