terça-feira, 20 de janeiro de 2015

The New Generation

Nesse fim de semana foi aniversário do meu sobrinho (9 anos), e como ele mora em outra cidade, viajei para lá para prestigiar. Ele ganhou um Xbox 360 do meu irmão, com Kinect e tudo mais. Já eu, dei um Lego. E esses dois presentes foram os protagonistas do maior contraste em relação a como a nova geração de crianças tem se comportado.

Muitos acreditam que as crianças de hoje são mais inteligentes, já que conseguem mexer nos gadgets e parecem aprender empiricamente as novas tecnologias. Tive um exemplo disso ao ver meu outro sobrinho, de 4 anos, jogando o boliche do Kinect sem ninguém explicar para ele como faz, e também sem saber ler (para poder entender as instruções na tela). Ele simplesmente nos viu jogando e entendeu. Não obstante, foi um dos primeiros a conseguir derrubar os pinos da forma correta.

Reação do guri ao ganhar o video game

Já outra parcela acredita que as crianças estão cada vez mais dispersas, com raciocínio mais lento e - até mesmo - mais burras. Experimentei isso ao tentar ajudar meu sobrinho mais velho a montar o Lego. Desde quando me recordo, brinquei com Lego junto com meus primos - conseguia montar tanto seguindo as instruções quanto criando do zero. Mas meu sobrinho - que é muito inteligente - não conseguiu se virar: não entendeu o manual de instruções, desistia de montar uma peça quando tinha que fazer mais força pra encaixar e facilmente perdia o foco da montagem pra ver o que estava passando na TV.

Não sei por que ele achou tão difícil! Era só um carrinho simples de montar...

Esses 2 episódios me fizeram crer que as crianças não estão nem mais inteligentes, nem mais burras - estão exatamente do mesmo jeito que eu e você éramos na nossa infância. A diferença é a forma que estão sendo incentivadas: hoje é menos quebra-cabeça e blocos de construção e mais deslize de dedos na tela e movimentos rápidos; menos tentativa e erro e mais tutoriais minuciosamente explicativos; menos papel e caneta e mais mouse e teclado. Em outras palavras, atualmente o foco de aprendizado acaba sendo voltado para atividades que não eram comuns na nossa época, e como a curva de aprendizado tende a aumentar com o passar dos anos, o que nós achamos difícil de assimilar - como o funcionamento do Kinect - pode ser (literalmente) brincadeira de criança para os pequeninos. Isso não significa que eles não conseguirão montar um Lego, mas talvez eles demorem mais para entender como funciona esse brinquedo tão neandertal.

Mais ou menos assim que me sinto quando vejo uma criança mexendo no PC

Aí entra a questão mais importante: como trabalhar no meu filho o lúdico na aprendizagem, de forma que não fique tão voltada à tecnologia de hoje, mas que também não faça dele um alienado ao que há de moderno? Tentar incluir as duas formas de aprendizado o fará dominar ambos ou não absorver nenhum corretamente? Parece que voltarei a trabalhar com “tentativa e erro”, o ruim é saber que meu filho é o “objeto” a ser trabalhado.


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