quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Uma cama para 3

A saga continua: embora haja o desejo de não deixar o filho dormindo na mesma cama que nós, a prática ainda me parece bem distante. Toda manhã o guri está lá, deitado entre eu e minha esposa, cutucando nossas costelas ou fazendo “cosquinhas” nas nossas mãos enquanto não consegue dormir (sim, ele fica tentando pegar na gente, como que se tentasse chamar nossa atenção).


Retratos da vida real


Não vejo problemas no cenário atual - a não ser quando eu acordo 6h30 para ir trabalhar e ele sorri pra mim como quem diz “eu vou continuar dormindo aqui, haha!” - pois ele ainda é bem novinho, sequer consegue ficar a noite toda sem chorar de fome. Mas minha preocupação ainda é com o fato disso se tornar um costume, e seja difícil retirar com o passar o tempo.


Ok, isso já é exagero!


Existem alguns defensores da “criação com apego” que acreditam que a cama compartilhada é importante para manter a segurança da criança com os pais e também para criar um laço mais forte entre a família. Eu já li a respeito, ponderei sobre todos os pontos, mas cheguei à conclusão que não serve para qualquer um - inclusive para mim. A meu ver, dois pontos cruciais precisam ser levados em conta:  a intimidade do casal e o crescimento individual da criança.


Quem é adepto da cama compartilhada acredita que a intimidade do casal pode ser adquirida em outros momentos além da hora de dormir, em outros cômodos e até mesmo em outros lugares. Contudo, acho importante que ainda existam a posição de conchinha e o cobertor de orelha para os dias frios, pois - para alguns casais - a noite é o único horário que ambos dispõem em suas atarefadas vidas para ficarem um com o outro, e manter a sinergia de casal é um ponto crucial para manter a família de pé.



Quanto à fase da criança, lembro-me que, quando tinha uns 4 anos, seguidamente acordava de madrugada e bandeava para a cama dos meus pais, pois eu via uma silhueta de um homem no corredor e ficava com medo. Não sei se era fantasma, ET, a mulher invisível do Quarteto Fantástico ou simplesmente minha imaginação, mas estava sempre lá. O medo só passou quando fui dormir na casa do meu primo, acordei de madrugada e me assustei com uma máscara pendurada no guardarroupas. O que eu ia fazer ali, já que meus pais não estavam comigo? Para onde correr? Só fechar os olhos não adiantava, então tive que ser homem (com 4 anos) e enfrentar meu medo! Analisei o cenário, percebi que era só uma máscara, me acalmei e voltei a dormir. A partir daquele episódio, se bem me recordo, nunca mais dormi na cama dos meus pais. Talvez (e aqui eu deixo um “talvez” enfático) deixar a criança dormir noite após noite na cama do casal acabe fazendo-a sempre recorrer ao “caminho fácil” quando tiver um problema para enfrentar. Acredito que montar um quarto legal, onde o(a) herdeiro(a) se sinta bem em estar, e sempre apoiá-lo e incentivá-lo a dormir ali possa criar até mesmo uma auto confiança.


Por fim, essa é uma opinião pessoal. Para quem se interessa em ver o outro lado da moeda, há um texto interessante aqui a respeito da cama compartilhada. Considero importante o princípio da criação com apego, tem muita coisa interessante para ser levada em conta, mas nem tudo que reluz é ouro - eu acho.


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