quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O que é que você quer?

Tenho visto ultimamente muitos textos/blogs/pessoas e até livros encorajando as pessoas a não terem filhos. “‘Filho afunda a mulher’, diz psicanalista”, “28 motivos pelos quais a sua vida será bem melhor se você não tiver filhos” e “Casal dá razões para não ter filhos” são alguns dos títulos que li. No mundo moderno, muitos querem poder viajar, curtir seu tempo de folga sozinhos ou até mesmo abdicar da responsabilidade de ter uma família, seja por custo, por paciência ou simples falta de aptidão. Mas, ainda assim, mesmo com o frenesi atual e tantos formadores de opinião induzindo as famílias de hoje a não procriarem, ainda existem os que pensam igual a esse rapaz:


Scooby Doo, cadê você, meu filho?


Então, deixo aqui uma pergunta: por que eu, você e aquele cara ali do lado quer/quis/gostaria de ser pai um dia? Talvez por levar ao pé da letra a máxima “crescei-vos e multiplicai-vos” (Deus, O), ou então por pura pressão familiar (como aquela tia-avó que, já na festa do casamento, pergunta “e o filho, quando vem?”). Quem sabe por querer ter um herdeiro no qual você pode depositar todas as frustrações e desejos que não pôde realizar na infância e na vida, ou apenas por desejar manter sua linhagem (e dar vida ao Lucas Amarantes da Silva Georges VI). Tem até os que falam isso só pra poder pegar mulher na balada, por parecer um cara “família, responsável e fofo”.


Pra quem só sabe dar esse tipo de cantada, talvez o papo de querer ser pai funcione


Eu não posso responder por ninguém além de mim mesmo. Talvez o cenário que mais exemplifique minha vontade de ser pai está em House of Cards: basta um ou dois capítulos para ver uma cena onde o ator principal e sua esposa estão sozinhos em casa. Eles - já de meia idade, ricos, livres e bem-sucedidos - não tiveram filhos, e passam os (poucos) momentos juntos em casa conversando sobre o trabalho, em frente a uma janela aberta, enquanto fumam. Mal se olham nos olhos. Pode parecer piegas, mas ali - num mero seriado de TV (ou de streaming, no caso) - eu vejo dois personagens sentindo não necessariamente tristeza, mas sim “falta de alegria”. Alegria que só uma criança é capaz de proporcionar, desde as primeiras balbuciadas até o orgulho de vê-lo formado no curso que desejava. Quem sabe para você, isso não pareça ruim. Talvez você até queira um futuro igual ao do senhor e da senhora Underwood. Você - ou qualquer outro - pode ter N motivos para não ter um filho, mas meu único motivo para ter um foi simplesmente porque me pareceu certo.


“Quem é o papai?”

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