quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

The 80’s

Eu estava perdido no universo da internet (sabe quando um link te leva a outro e, de repente, o que começou com uma pesquisa sobre a Segunda Guerra Mundial acaba com um vídeo sobre a reprodução dos gafanhotos?) e caí num vídeo de uma paródia (com vocabulário chulo) da Peppa Pig. O vídeo era uma porcaria, mas o que me chamou a atenção foi um comentário de uma mãe, dizendo que a filha de 4 anos estava navegando no Youtube e acabou assistindo àquela obra prima (só que não) contemporânea. Xingou muito no Twiiter Youtube, dizendo “onde já se viu fazer esse tipo de coisa com um desenho infantil”, que há muitas crianças que poderiam encontrar aquela atrocidade, etc. E como quem fala escreve o que quer, ouve lê o que não quer, recebeu várias respostas, dizendo que “internet não é lugar de criança”, que o Youtube não é brinquedo e que os filhos só deveriam ver com a supervisão dos pais, entre outros tapas na cara.


Ok, essa foi maldade


Não vou argumentar a respeito de quem está certo e quem está errado, mas sim sobre como hoje em dia parece mais “chato” (mas também muito mais seguro) ser criança. Eu vivi minha infância no fim dos anos 80 e início dos 90, onde uma certa “libertinagem” existia. Passava as manhãs vendo desenhos em 3 ou 4 canais diferentes, e nenhum deles era educativo ou totalmente politicamente correto (tinha desenho do Robocop e do Rambo, pô!). A TV era liberada até tarde da noite (inclusive para ver filmes de terror ou até mesmo um peitinho ou outro na pré adolescência), víamos Trapalhões, MacGyver e Beavis and Butthead, além de brincar no parquinho do prédio ou na rua da casa da avó até 22h. Andávamos de bike, skate e carrinho de rolimã sem proteção alguma, e se nos machucássemos, o Merthiolate ardia.

Overdose de nostalgia


Sei que já englobei várias vezes esse assunto da atual superproteção e da excessividade do politicamente correto em relação à vida real, mas o foco aqui é um ponto bem específico: Quanto esse tratamento de “redoma de vidro” de hoje impactará no adulto de amanhã? A criação via Peppa Pig e Lei da Palmada resultará em adultos melhores ou piores que os da minha geração, regada a banheiras do Gugu e Gillette cantando “Don’t Wanna a Short Dick Man” no programa da Xuxa?


Esse dia foi loco

Pra ser sincero, não sinto que muito do que aconteceu na minha infância tenha influenciado em quem sou hoje (tipo assistir “Brinquedo Assassino” com 6 ou 7 anos) - embora muitos psicólogos diriam o contrário - e por isso não sei dizer se importa muito a diferença entre as duas formas de passar a juventude. Eu contrasto muito entre proteção e liberdade com meus sobrinhos, por exemplo, então ainda não sei exatamente qual caminho seguir com meu filho. Tenho em minha mente que proteger demasiadamente as crianças as farão adultos emocionalmente fracos e ingênuos, contra um mundo cruel e sarcástico. Mas também penso em tudo que existia e que fiz na infância e concluo: “podia ter dado tanta m…!”



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