terça-feira, 23 de setembro de 2014

Cá com meus botões

Além dos carrinhos e do Lego (esse depende que eu comece a ganhar muito dinheiro - e logo), um dos brinquedos que eu mais queria que meu filho tivesse é uma quadra e times de futebol de botão. No top 10 das minhas maiores frustrações da vida está o dia quando descobri - lá com meus 15 anos - que minha mãe tinha dado minha coleção de futebol de botão para crianças carentes - e sem meu consentimento. Ok, crianças carentes mereciam mais do que eu, afinal já estava na idade de largar os brinquedos e virar gente grande. Mas era MINHA coleção =(.

Eu lembro bem, tinha 52 times diferentes, entre seleções e agremiações. E os melhores não eram aqueles supercaros, feitos de resina ou de plástico resistente, mas sim aqueles de plástico fraquinho, com pontas debaixo e dos lados - que você precisava lixar pra poder fazê-lo deslizar - e que custava R$ 0,50 na papelaria da rua de cima. Eu ainda tinha raridades, como Botafogo-PB, Novorizontino, Tuna Luso e Nacional-AM. Times que provavelmente nunca mais encontrarei.

Esse é o melhor tipo!

Pra quem não conhece, futebol de botão (ou de mesa) é constituído de uma tábua de madeira lisa, com o desenho de um campo de futebol, dois times de 10 jogadores + goleiro (que podia ser tanto uma peça mais larga de plástico quanto uma caixa de remédio), e uma palheta, que servia para movimentar os jogadores, além - é claro - da bolinha, que normalmente é um disco pequeno de plástico ou um pequeno cubo. Nas regras que jogava desde criança, era preciso pedir ao adversário para preparar seu goleiro antes do chute a gol, a fim de posicioná-lo para tentar a defesa. Não havia impedimento. Se você batesse com muita força em um jogador adversário, era falta. Dentro da área, era pênalti - e aí o adversário não podia preparar o goleiro, apenas deixá-lo no meio do gol. Apenas 3 toques na bola por jogador. Se a bola bateu em um jogador adversário, é a vez dele. Com regras tão bem descritas, obviamente era fácil promover um campeonato com todos os coleguinhas do condomínio. Eu, na verdade, nunca fui muito bom no jogo - aprendi a jogar direito só quando era mais velho e, obviamente, sem mais amiguinhos para brincar.


Goleiro de plástico - uma porcaria


Já esses eram bacanas! Feitos de madeira, caixa de remédio, de sabão e ainda com feijão ou pedras dentro, para fazer peso!

Tive certeza que meu filho teria que aprender a jogar futebol de botão - comigo =D - no dia em que fui pela primeira vez à casa de um amigo meu - agora padrinho do guri. Estávamos entediados, e ele me disse que tinha uma quadra e alguns times. Uma lágrima quase escorreu no meu rosto, e fomos jogar. Um emocionante jogo que acabou 3x2, com empates e viradas de placar. Mesmo tendo lá naquela casa um computador e um videogame, TV e vídeo cassete (naquela época), resolvemos jogar botão. E foi mais divertido que qualquer outra coisa que pudéssemos fazer naquele dia, mesmo com aqueles eletrônicos à disposição. Aí, assim como no caso da coleção de Hot Wheels, você pode me perguntar “mas a coleção é sua ou da criança?”. No caso do futebol de botão, eu digo que a coleção será nossa. Pela necessidade do meu filho não ficar preso apenas com entretenimento eletrônico. Pela coordenação motora, senso de estratégia, habilidade manual e relação de competitividade que essa atividade pode proporcionar ao guri. E, obviamente, pelos 52 times que já devem ter feito a alegria de algumas crianças, mas que sempre morarão em meu coração!

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