quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Que dureza...

Meu maior medo em relação a criar meu filho é me tornar um pai igual aos pais que tanto critico. Aquele pai molenga, que diz “sim” para tudo que o filho quer, só para não ter nenhum stress com a criança. Aquele pai que acha que o filho é melhor e pode mais do que qualquer outra criança. Aquele pai que culpa a falta de atenção e de educação do filho ao “transtorno bipolar” ou ao “déficit de atenção”, já que virou moda dar essa desculpa hoje em dia. Enfim, aquele pai que descrevi no texto sobre perder dentes.

Eu e minha esposa tínhamos já acordado que o nosso filho não iria dormir conosco em nossa cama. Mas agora, enquanto ele está bem pequeno, ele já ficou deitado conosco por algumas horas em alguns dias. Também queríamos deixá-lo sem conhecer chupeta, por causa dos danos que pode acarretar à dicção e à arcada dentária. Só que desde a incubadora as enfermeiras já faziam uma chupeta “artesanal” com luva cirúrgica para acalmá-lo de vez em quando, e pelo jeito ele se acostumou. Tanto fez que acabei comprando uma.

Sério, estou começando a temer essa minha falta de pulso. É só o começo, mas até onde vai isso? Será que outros planos que eu tinha - como nunca levá-lo ao mercado até ter idade para entender questões como “dinheiro” e “necessidade” ou não ensiná-lo a mexer em celular ou tablet e afins nos primeiros anos de vida - irão por água abaixo? Isso que ele ainda nem está na idade de fazer terror psicológico com seus olhos esbugalhados e biquinho.

Por favor, filho, não me olhe assim.

Eu tento acreditar que serei da forma que sou com meu cachorro: mesmo com carinha de “gato de botas” eu ainda consigo impedi-lo de entrar em casa, latir para o cão do vizinho ou pedir comida quando estamos à mesa. Também tenho o pulso firme de não deixá-lo subir no sofá ou comer muitos biscoitos. mas obviamente não é igual, afinal cães não conseguem nos manipular, barganhar ou até mesmo chantagear para alcançarem suas metas. Pelo menos ainda não. Talvez um dia, mas ainda não.

Eu acabei de te conhecer e já te amo. Esquilo!

Claro, esses dois exemplos que dei ainda são “inofensivos” perto do que a falta de pulso dos pais pode fazer com um filho. Depois de tudo que ele passou, sendo prematuro, ficando quase um mês preso em uma caixinha, e ainda sendo tão fraquinho, dá dó ser rígido, afinal ele nem entende ainda o que pode ou não pode fazer. Pior ainda: eu não entendo ainda o que ele quer ou não quer. Como eu posso tentar já educá-lo se ele nem sabe ainda a diferença entre a chupeta e o meu dedo?

No fim, acho que ainda não é hora de me preocupar com isso. Mas desde já tenho que me policiar para que pequenas regalias não se tornem hábitos, e que esses hábitos não se tornem rotina.


    

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