segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Piiiiiiiiii

Uma grande preocupação que tenho quanto à alfabetização do pequeno Brucioêine é a respeito dos palavrões. Eu e minha esposa estamos acostumados a proferir palavras de baixo calão. A princípio, planejava lotar esse texto de palavrões, para poder expôr o quanto esse assunto me preocupa, deixando o aviso “se você, leitor, é uma pessoa totalmente contra ou se escandaliza com palavrões, sugiro não ler esse texto, porque provavelmente terá palavrão pra c...”, mas por respeito a quem irá ler, resolvi trocar os palavrões por palavras que tem o mesmo significado - literalmente.

É até irônico pensar que, até uns 8 anos, eu nem sabia o significado de “prostituta fezes”. Mesmo com mais idade eu também tinha um vocabulário ingênuo. Lembro que uma vez falei “masturbação” sem saber o que significava e minha tia me recriminou. Falava “sêmen” pra minha mãe achando que significava “orra”. Ela brigava comigo e eu não entendia por que.

Os palavrões saem sem eu sequer notar. Se eu quero dar ênfase a algo, é algo “coito”. Não é algo legal, nem bacana, nem batuta. É “coito”. Agora, se é algo que é muito melhor que legal, que bacana, que batuta, e até mesmo que “coito”, ele recebe o advérbio de quantidade da língua portuguesa que mais denota abundância: o “pra pênis”. Aí a coisa vira algo “coito pra pênis”.

O “pra pênis”, no caso, indica algo de grande quantidade. Se você tem 10 reais na carteira, você tem pouco dinheiro. Com 100 reais, você tem bastante. Com 1000 reais, você tem dinheiro “pra pênis”. Na verdade, o “pra pênis” tende ao infinito. Tudo que pode ser contabilizado, está sujeito ao “pra pênis”. “Pênis”, que assim como o “coito”, são palavras paradoxais - também servem para indicar algo ruim. Enquanto o “coito” permanece como um adjetivo - como na famosa frase “neguim são coito” - o “pênis” é apenas uma interjeição. Se você acertou o dedinho do pé no batente da porta, você automaticamente grita “Pênis!”. Também pode ser usado quando algo te espanta. E também pode ser facilmente substituído pela conjunção “meretriz fezes”.


Desculpa, tia Sandra...

Enquanto “meretriz” refere-se a uma mulher promíscua, como deve ser de conhecimento geral, “fezes” é o termo chulo para excremento, comumente usado como adjetivo a algo - ou alguém - que não presta. Mas juntos eles se transformam na interjeição citada acima. Ah, e o “meretriz” também é parte do xingamento mais utilizado por este que vos fala: “filho de uma meretriz”. Nunca tome tal ofensa da forma literal, pois tenho todo o respeito à progenitora do sujeito que é meu alvo, mas é o insulto que tem a melhor sonoridade, e que consegue retirar toda aquela raiva e rancor guardadas no coração. Também utilizado para demonstrar o quando você gosta de um amigo.

=(

Eu não quero que meu filho tenha esse péssimo costume, e preciso tentar ao máximo parar desde já, para que não me escape nenhuma palavra inapropriada perto do guri - principalmente quando ele estiver na idade de repetir tudo que se fala. Pretendo trocar as palavras por outras mais amenas. Minha mãe - uma santa - no auge de sua raiva, exclama “meu saquinho de pipoca”. Se alguém a deixou muito nervosa, ela xinga de “pamonha”. Se tem algo ruim acontecendo, ela diz “é do peru mesmo”. Talvez um treinamento intensivo com ela me ajude. E também aceito sugestões! O que eu não aceitarei é ver meu filho falando tão feio quanto eu falo hoje. Isso sim seria um saquinho de pipoca.



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