segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Pai Bróder


Quando eu era mais novo, queria estar mais próximo do meu pai. Eu via meu irmão mais velho sempre com ele - sabia jogar truco, eu não; sabia pescar com vara e molinete, eu só com a de bambu; ia jogar bola junto com meu pai, eu só assistia. Demorou bastante tempo para eu entender que as atividades determinavam um certo grau de maturidade - ou de idade - que eu ainda não tinha. Quando finalmente tive, meu pai ficou ausente, por vários motivos que não importam aqui.

É meu primeiro filho, mas ainda assim tenho medo de não corresponder às expectativas, ou então não deixar claro o motivo pelo qual não pude incluí-lo em alguma atividade que provavelmente ele gostaria de fazer comigo. Eu gostaria de dar a ele a liberdade de falar qualquer coisa comigo, como um amigo próximo, e não apenas como “pai”, o que pode acarretar até em um certo medo das minhas reações ou vergonha de falar sobre determinados assuntos.


Mas também não quero ser igual ao pai do Jim - quem viu American Pie, sabe do que falo!

Conheço pessoas que mal falam com seus pais; outras praticamente só brigam - vivem em pé de guerra. Alguns só falam o estritamente necessário, outros tem vergonha de dar um abraço ou um beijo. Tem os que estão no meu grupo: os que tem dificuldade de expressar seu carinho pelos pais. Mas tem um pequeno grupo seleto do qual eu quero me incluir no futuro: os que tem um pai “bróder”.


Mufasa: um pai bróder

Dois amigos meus tem um pai que está sempre nas nossas reuniões: seja para jogar bola, para um churrasco, para uma festa… E se tratam com zoações, xingamentos e brincadeiras. E esse pai, por consequência, também se tornou um de meus amigos. Não sei o que ele fez ou como ele educou os filhos para conseguir ter esse grau de cumplicidade e parceria. Não sei se é um segredo, uma filosofia ou um mero acaso. Só sei que quero igual.

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