Acabou a Copa do Mundo. Vai deixar saudades, tanto pela quantidade de jogos por semana quanto pela qualidade do futebol apresentado. Mas agora volta o Campeonato Brasileiro: um campeonato infinitamente pior, com jogadores ruins, futebol pobre e escândalos de arbitragem. Contudo, esse é o campeonato que mora em nossos corações, porque é onde nossos times do coração jogam.
Quando criança eu não era acostumado a ir ao estádio. Também não tinha a facilidade que temos hoje de assistir todo e qualquer jogo pela TV. Era no radinho mesmo. Raras vezes meu tio me levou, mas o dia que realmente me empolguei em acompanhar futebol foi na primeira vez que fui com meu pai. Eu tinha 13 anos, era comemoração do aniversário do clube e o estádio superlotou. O meu time ganhou de virada de um dos favoritos ao título. Aquela energia no gol da virada ficou para sempre guardada na minha memória, e desde então me fez acompanhar assiduamente o meu time.
Eu não torço para um dos ditos “grandes do futebol brasileiro”, o que acho que torna o ato “torcer” mais interessante. Cada jogo é uma batalha, cada vitória é uma conquista importante, mesmo que não signifique estar brigando pelas primeiras posições.
Pode parecer meio contraditório, ou até mesmo masoquismo, mas não é. Tenho notado que a chamada “nova geração” tem forçadamente se acostumado com vitórias. Perder é um absurdo, um ultraje, uma possibilidade inaceitável. Se não é possível vencer, é porque foi roubado ou prejudicado - e seu pai advogado vai processar quem servir de bode expiatório. É a famigerada geração “leite com pera”.
abaixo o leite com pera!
Eu vi o Brasil ser tetracampeão, acordava cedo para ver as corridas do Senna, e nem por isso sempre torci para o melhor por medo de enfrentar uma derrota. Hoje a galera torce para o Sebastian Vettel ou para o Hamilton, mesmo tendo um - mediano, diga-se de passagem - piloto da nossa nação; dizem que o seu “time do coração” é o Barcelona, ou o Bayern de Munique; torceram contra o Brasil na Copa, para torcer pela Espanha - por causa de 2010 - ou pela Argentina - por causa do Messi - e deverão torcer pela Alemanha - agora campeã - daqui para frente. O “motivo” é sempre o mesmo: por que torcer pra outro senão o melhor?
Eu quero levar o meu filho para o estádio, quero vê-lo sofrer e vibrar pelo mesmo time que o meu, da mesma forma que fiz, pelo simples fato que “vitórias e derrotas” acontecem todos os dias das nossas vidas. Talvez saber lidar com a derrota do seu time favorito - ou alguma goleada por 7 x 1 que possa ter acontecido em um momento recente da história - possa fortalecer uma criança para saber como enfrentar uma situação mais séria quando for mais maduro. Ele pode chorar hoje, mas pode bater no peito amanhã - coisa que muitos hoje não conseguem fazer ao se confrontar com o primeiro probleminha da vida adulta. Sei que só isso não é o suficiente para fazer com que meu filho não se torne mais um regado a leite com pera, mas já é um início.
E claro, teoricamente ele poderia escolher outros times e ter a mesma experiência, mas sejamos sinceros: que pai não quer que o filho torça para o mesmo time que o seu?
Nenhum comentário:
Postar um comentário