terça-feira, 29 de julho de 2014

Who's your daddy?

Toda criança que se preze já entrou numa discussão “o meu pai é melhor que o seu”. Faz parte do crescimento como pessoa. Ter orgulho do pai é algo que parece acontecer naturalmente. O meu medo é não ter algo pelo qual meu filho possa “contar vantagem” diante dos coleguinhas.

Meu pai é menor que eu, mas sabe cozinhar, joga bem no gol, conhece bastante de futebol, sabe dançar, na minha infância era relativamente forte para o tamanho dele, contava histórias legais de sua infância no interior. Um dia, na única vez que fomos a um hotel fazenda, eu o vi cavalgando. Enquanto eu estava só no trotezinho, com medo de abusar da boa vontade do pangaré, meu pai estava correndo com o seu cavalo, fazendo manobras e brincadeiras. Eu olhei para aquilo e pensei “eu nunca vou conseguir fazer isso”. E engana-se quem acha que foi a famosa admiração de uma criança diante de um fato novo: eu já tinha 18 anos.

Eu não sei que feitos meus podem causar orgulho do meu filho a meu respeito. Como eu já disse em posts anteriores, não jogo bola bem. Além disso, não sei dançar, até me arrisco na cozinha, mas basicamente só sei fazer “gordices”. Estou longe de ser forte, não tenho nem cara de adulto ainda (e nem sei se vou ter - provavelmente passarei do look adolescente diretamente pro look maracujá de gaveta) e meu emprego não é do tipo “bombeiro” - fico sentado na frente de um PC o dia todo.

Bom, eu sei desenhar relativamente bem, arranho no violão e na bateria. Talvez, se ele crescer como um nerd (igual ao pai), pode ser que ele diga aos amiguinhos “meu pai joga videogame muito bem!” ou “meu pai faz programas pra computador! Ele pode fazer qualquer coisa!”. Contudo, não importa o que eu faça, nunca conseguirei ser tão legal quanto o cara que opera uma máquina dessas:




Para quem não conhece, esse transformer com ares de batmóvel é uma empilhadeira de contêiner. Tem uma dessas no lugar em que trabalho. Toda vez que passo por ela eu penso “o filho do cara que opera esse trambolho deve causar inveja a todos os coleguinhas da escola!” - e meus colegas de trabalho concordam comigo. Ora, pare e pense por um momento: imagine-se com  7, 8 anos, na escolinha, no dia do “leve seu pai para a escola”. Vários pais irão se apresentar, dizer suas profissões e quais são suas tarefas. Policiais, bombeiros, médicos, engenheiros… Todos esses parecem bacanas, até que o seu pai chega e fala “eu sou um operador de empilhadeira de contêiner. É como um trator de 3 metros de altura, com rodas gigantes, e tem um braço em forma de T que ergue caixas enormes de metal que pesam toneladas!”. As crianças vão falar “Woooooooow! Ele opera um robô gigante!”.

Esse é o grande dilema a respeito de ser um pai herói: será que aquilo que você faz e te causa orgulho como adulto é capaz de ganhar a admiração de uma criança? Ou de repente o truque de tirar uma moeda de trás da orelha vale mais que mil diplomas? Não sei ao certo, mas pô, daora essa empilhadeira de contêiner, hein?

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