Muita gente não sabe, mas esse não é meu primeiro blog. Eu tive um há alguns anos atrás, quando começou a modinha. Mas eu, sempre contrário a tendências, quis fazer um blog diferente do que era feito na época.
Para quem não lembra, o conceito de “blog” era inicialmente ser um diário virtual e público. As pessoas contavam sobre seu dia, a meninada falava do boy magia que eram afim e os moleques basicamente falavam de videogame. Já eu pensei em fazer uma linha diferente: não falar nada da minha vida - mesmo porque eu sempre fui muito reservado - mas sim falar do cotidiano, de fatos curiosos, fazer piada ou críticas a um determinado assunto.
Agora cá estamos, mais ou menos 10 anos depois, e eu estou pisando em cima de todos os meus conceitos antigos. Eu, num tempo em que o conceito “blog” mudou para exatamente o que eu fazia no início (sim, eu criei uma tendência, deal with it =D), voltei a falar sobre a minha vida. Na verdade, no caso, a minha e do meu filho.
Engraçado como as pessoas mudam com o tempo, seja nos propósitos, nos planos, nos conceitos e até mesmo no caráter. Eu era um moleque revoltado com “o sistema”, queria morar sozinho (mesmo sendo apenas um office boy), ter uns 5 filhos e ganhar meu primeiro milhão antes dos 30. No fim, aprendi que todos fazemos parte do tal “sistema”, seja pelo seu emprego, pela sua atitude ou pela “necessidade” de comprar um carro zero. Fui direto da casa da mãe para morar com minha esposa em um apartamento alugado, tive meu primeiro - e talvez único - filho aos 29 e o mais perto de um milhão que cheguei foi em alguma festa junina, na barraca de milho verde.
um milhão
Na mesma levada, conheço várias pessoas que mudaram muito com o tempo: tem amigo meu que era roqueiro convicto e hoje vai em show de sertanejo, amigo que dizia que nunca iria namorar, ia só curtir a vida e agora está praticamente casado, amigo que prometeu que nunca iria beber porque cerveja tinha gosto ruim e hoje é um louvável pé de cana.
A verdade é que nossos planos e nossas convicções mudam de acordo com a necessidade. Nesse blog tenho escrito sobre tantas coisas que gostaria de fazer para o meu filho no futuro, mas eu não posso nem prometer isso sem ter uma pulga atrás da orelha. Será que meu pensamento será o mesmo que tenho hoje? Será que eu não trocarei as minhas prioridades?
Quando eu tinha meus 15 anos, lembrava de como eu era com 13 e pensava “nossa, como eu era um idiota!”. Com 19, lembrava dos meus 15 e pensava “nossa, como eu era um idiota!”. Com 25, a mesma coisa a respeito de quando eu tinha 19 anos. Hoje, lembrando de mim nas 25 primaveras, adivinha? De duas uma: ou quanto mais envelheço, minhas certezas de antigamente transformam-se em interrogações de acordo com a experiência que angariei nos anos subsequentes, ou ser um idiota é uma condição vitalícia. Só espero que a minha idiotice não me desvirtue da prioridade de criar meu filho da forma mais correta possível, mesmo sem carrinhos, rock n’ roll, perseguições ninjas e sem saber quando colocar luvas de gaze ou segurar seus braços junto ao corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário