quarta-feira, 20 de agosto de 2014

The Future is Now

Por que a primeira coisa que me falam quando digo que meu filho foi para casa é “tá conseguindo dormir?” ou “é, agora que começa a batalha de verdade!”, hein?

Primeiramente: o bebê mais dorme do que fica acordado. Normalmente nós que temos que acordá-lo para que mame nos horários corretos. Ele quase não chora, mal resmunga, e é muito bonzinho. O meu cachorro latindo no quintal me priva mais do sono do que meu próprio filho.

Por favor, pare com isso.

Ok, foi só um desabafo. Se você perguntou algo do tipo ou falou algo do tipo, não se sinta mal, nem pense que estou bravo com você. Mas parece que criou-se uma mística negativa a respeito de o que é ter e criar um filho, porque a grande maioria dos que fizeram esse tipo de comentário são pessoas que não tem filhos.

Chega a ser assustador como boa parte do povo gosta de desencorajar decisões como casamento, gerar e criar filhos, formar uma família. Quando comuniquei que estávamos esperando um filho, muitos me perguntaram se tinha sido planejado, como se com 29 anos e 2 anos e meio de casados ainda fossemos muito novos ou imaturos para criar uma criança. Aí perguntavam de dinheiro, se já tínhamos feito tudo que queríamos fazer como casal, etc., etc. Teve gente que disse que temos muita coragem em colocar um filho em um mundo tão desorientado como o de hoje. Tiveram outros, com mais ou menos a mesma idade que a nossa, que disseram que nem pensam em ter filhos, porque precisam focar na carreira. Teve ainda quem falasse que não quer ter filhos, que é egoísta demais para pensar em dividir a vida com alguém que dependa 100% dela. Tiveram os que falaram que preferiam viajar e pensar lá perto dos 40 em ter um filho, ou adotar um - porque né, muito empenho ficar lá carregando por 9 meses, não poder beber, ter dores no parto e tudo mais.

Eu compreendo que talvez não seja seu plano ter um filho, ou pelo menos não tê-lo tão logo, mas convenhamos que é um caminho meio natural, biológico. “Crescei-vos e multiplicai-vos”, afinal sem filhos a humanidade um dia acaba. O que me espanta não é quem não quer ter a mesma experiência que eu estou tendo, mas sim os que acham isso um absurdo. Cada um sabe o que é melhor para si, e eu respeito isso. Mas seria importante se informar um pouco mais sobre tudo o que engloba gerar um filho. Ter um filho não é só as fraldas sujas, os vômitos de leite, as noites mal dormidas, a carteira vazia, a conta do banco no vermelho. É a sensação de deixar algo para esse mundo. Para mudar o futuro, tem que começar fazendo algo desde já, não?

Dizem que você precisa escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Mas não adianta escrever o livro e não publicar, plantar a árvore e não regar e ter o filho e não cuidar dele para que se torne um cidadão de bem. Publicar um livro deve ser um processo chato e burocrático, regar a árvore todos os dias pode ser entediante, mas ajudar o filho a crescer me parece ser uma aventura diária. E é por isso que escolhi colaborar com o futuro mundial dessa forma. Mesmo que me custe algumas horas de sono.


Obs.: a ordem é “escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho”. Não é pra plantar o filho, escrever no filho, plantar um livro ou escrever na árvore, ok?




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