quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Que país é esse?

No último fim de semana houve eleições, e devo dizer que não me orgulho do meu voto. Cheguei à frente da urna, pronto para digitar o número do candidato que já tinha decidido. Mas lá, pensei bem nele, lembrei dos debates, de todas as mentiras, omissões e acusações, da falta de objetividade e de propostas de governo. Por um momento, pensei em votar no outro candidato. Aí concluí que o outro fez exatamente a mesma coisa. Aí cogitei votar em branco, mas eu acho que votar em branco é jogar o voto fora, perder seu direito de reclamar. Acabei votando no primeiro mesmo, e saí da seção de cabeça baixa, com vergonha de olhar nos olhos das outras pessoas.

Encare o Pinóquio como os candidatos e o grilo como o povo consciente

Reza a lenda que no domingo o Brasil decidiu o futuro do país. Futuro também do meu filho. Na próxima eleição para presidente, ele terá 4 anos, e eu fiquei imaginando o que esse futuro reservará para o crescimento dele nesses primeiros anos de vida, seja em saúde, educação ou condição financeira. E também idealizei como poderia ser se o outro candidato a ganhasse. Não foi muito diferente - na verdade estávamos todos buscando votar no “menos pior”. O que mais me deixou preocupado de verdade com o futuro foi ver a forma que muitas pessoas reagiram ao final das eleições.


Retrato dos candidatos e dos eleitores fanáticos

Muito mais que o presidente, quem faz o país é o seu povo. E eu vi uma parte desse povo - não generalizando, obviamente - agredir de forma xenófoba outra região do mesmo país, além de colocar em xeque a inteligência de quem não pensou como ele. Uma geração leite com pêra, que não sabe perder, esqueceu que uma votação se faz a partir de propostas (que mal existiram nessa disputa) e cada um vota na proposta que mais lhe convém. Puro egoísmo, é verdade, mas é assim que uma democracia funciona - e isso é no mundo todo. Vi também parte desse povo - gente que conheço, amigos e parentes - dizendo que o Brasil já era, porque está na mão de corruptos. Dentro desse grupo, tem um que tem uma empresa e burla a lei para pagar menos imposto; outro pagou um encanador para travar o relógio da distribuidora de água e, assim, pagar apenas o valor mínimo; uns dois ou três compraram no Paraguai um aparelho decodificador de canais e tem o famoso “Gato NET” em casa. Entendam, eu não sou nenhum santo, estou longe de ser, mas também não sou hipócrita - somos tão sujos quanto esses, afinal, roube R$ 1 ou R$ 1.000, o crime é o mesmo.

Teve também o outro lado: pessoas que votaram na vencedora tirando sarro de quem votou contra, como se fosse uma final de campeonato do time deles contra o rival; humilhando e ironizando, como se fossem superiores simplesmente porque o seu voto manteve a atual presidência. Esqueceram que, independente do resultado das eleições, essas mesmas pessoas que foram escorraçadas por eles eram antes amigos, colegas de infância, entes queridos, e esse tipo de comportamento pode ter acabado com um relacionamento saudável de outrora.

Por isso, independente se o presidente do Brasil fosse o Barack Obama ou o Enéas (in memorian), a minha preocupação em relação ao futuro que meu filho terá que enfrentar não é necessariamente a respeito de quem ganhou a eleição, mas sim do povo que conviverá com ele nesses próximos 4, 8, 20, 50 anos. Independente de ter votado a favor da reeleição, contra ou em branco, estamos todos no mesmo barco, e discutir a respeito não resolve em nada. Mais amor, por favor.


Resumo do meu sentimento no domingo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Pai Bróder


Quando eu era mais novo, queria estar mais próximo do meu pai. Eu via meu irmão mais velho sempre com ele - sabia jogar truco, eu não; sabia pescar com vara e molinete, eu só com a de bambu; ia jogar bola junto com meu pai, eu só assistia. Demorou bastante tempo para eu entender que as atividades determinavam um certo grau de maturidade - ou de idade - que eu ainda não tinha. Quando finalmente tive, meu pai ficou ausente, por vários motivos que não importam aqui.

É meu primeiro filho, mas ainda assim tenho medo de não corresponder às expectativas, ou então não deixar claro o motivo pelo qual não pude incluí-lo em alguma atividade que provavelmente ele gostaria de fazer comigo. Eu gostaria de dar a ele a liberdade de falar qualquer coisa comigo, como um amigo próximo, e não apenas como “pai”, o que pode acarretar até em um certo medo das minhas reações ou vergonha de falar sobre determinados assuntos.


Mas também não quero ser igual ao pai do Jim - quem viu American Pie, sabe do que falo!

Conheço pessoas que mal falam com seus pais; outras praticamente só brigam - vivem em pé de guerra. Alguns só falam o estritamente necessário, outros tem vergonha de dar um abraço ou um beijo. Tem os que estão no meu grupo: os que tem dificuldade de expressar seu carinho pelos pais. Mas tem um pequeno grupo seleto do qual eu quero me incluir no futuro: os que tem um pai “bróder”.


Mufasa: um pai bróder

Dois amigos meus tem um pai que está sempre nas nossas reuniões: seja para jogar bola, para um churrasco, para uma festa… E se tratam com zoações, xingamentos e brincadeiras. E esse pai, por consequência, também se tornou um de meus amigos. Não sei o que ele fez ou como ele educou os filhos para conseguir ter esse grau de cumplicidade e parceria. Não sei se é um segredo, uma filosofia ou um mero acaso. Só sei que quero igual.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Discussing disgust

Aviso aos futuros papais e mamães: se vocês sentem asco ao ver vômito, perdem o apetite com assuntos escatológicos ou tem problemas para desentupir o vaso sanitário, prevejo problemas e enfrentamentos pessoais pela frente em suas vidas, pois ter filhos não é pra quem tem “nojinho”.

Por sorte, nunca tive problemas com isso. Eu era do tipo de criança que fuçava debaixo das pedras do jardim pra ver os insetos e lesmas, gostava de piadas sujas - inclusive durante as refeições - e não via problemas em assistir O Pestinha 2 (quem já assistiu sabe do que estou falando). Por isso, não estou sofrendo com o fato que - independente do esforço - os pais e mães ocasionalmente terão que lidar com dejetos de cunho nauseante.


Essa imagem lembra alguma cena do filme? Hehe…


Entendam uma coisa: bebês vomitam. E vomitam muito. A lei da física que diz que “dois corpos não ocupam o mesmo espaço”, e isso também se aplica à quantidade de leite ingerida versus espaço vazio no estômago. Por isso, volta e meia sua criança devolverá parte da refeição com aquele aspecto pastoso e com cheiro de Polenguinho. Apenas aceite, e acostume-se com o fato disso acontecer em cima do seu suéter favorito, da camisa do seu time ou até mesmo do seu braço. Limpe e continue sua vida, pois dali a pouco provavelmente acontecerá outra vez.


Você nunca mais verá essa iguaria com os mesmos olhos!


Outro fato: bebês fazem xixi durante o banho e logo após a fralda ser aberta. Dizem que é por causa do frio, mas eu acho que é pura sacanagem deles mesmo. E quando o bebê é menino - meu caso - a ocasião se torna mais divertida ainda, pois o jato parece sair de uma mangueira de bombeiro descontrolada, rodopiando como se fosse o champagne na comemoração de um campeão de Formula 1 no pódio. Não há muito o que fazer quando isso acontece, apenas curta o momento.


Tipo isso...

Por último, o mesmo que ocorre com o xixi, acontece com o número 2. Eu mesmo já fui devidamente batizado uma vez, antes do banho, quando eu o segurava pelado com as duas mãos - uma delas repousando suavemente sobre o “popoti” da criança. Além disso, dependendo da ferocidade que o bebê despeja seus resíduos na fralda, a quantidade depositada extrapola, vazando do recipiente protetor e criando uma camada pastosa entre as costas e as pernas da criança e a bela roupinha que a madrinha havia comprado para ele. E normalmente isso acontece 30 minutos após você ter dado aquele banho gostoso e demorado, penteado seus cabelinhos e passado óleo de amêndoas.


Calma, gente, são só salgadinhos de festa!


Ficou com nojo de imaginar qualquer uma dessas ocasiões? Então bote um adulto nesse corpo e aprenda que são coisas cotidianas quando se convive com uma criança. Ela precisa de alguém que a mantenha limpinha e higienizada até que tenha idade para se virar sozinha. E adivinha quem é a pessoa escolhida para ser esse alguém? Isso mesmo! Você! Parabéns!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O que mudou quando me tornei pai


Hoje o blog Vida de Gestante e Mãe publicou um texto meu! Nele falo sobre as mudanças que a paternidade causou em minha vida. Confira, curta, compartilhe e comente com os coleguinhas! Clique aqui!

sábado, 18 de outubro de 2014

Não deixe o "momoi" morrer

Tenho defendido aqui a importância de viver para o filho, contudo não dá para ser 100%. O casal precisa continuar sendo um casal. Precisam ter seu tempo. É pra isso que servem os avós, as tias, os padrinhos e - embora não goste muito - as babás.


medo.

Conheço um casal que mudou completamente após o nascimento do filho. O tratamento entre eles virou de “amor” e apelidos fofinhos pra “mãe” e “pai”. Não saíram mais com os amigos. Não foram mais sozinhos ao cinema. Não jantaram fora mais. Se tornaram um para o outro exatamente “pai” e “mãe” apenas. Um casal que provavelmente - e aqui eu estou dando o meu pitaco - não se separou ainda por causa do filho. Mas é visível a acomodação.

É necessário lembrar que o motivo pelo qual a criança agora está entre nós é pelo amor e atração que os pais sentem um pelo outro - ou pelo menos deveria ser assim, de acordo com o script. Por isso, por mais dolorido que seja deixar o filho por algumas horas, ou dias - principalmente para as mães - os casais precisam de um tempo só pra eles, seja para almoçar fora, jantar, sair com os amigos, pegar um cinema ou até mesmo uma viagem de fim de semana.

Óbvio, agora no início, é necessário ter muita paciência, afinal o guri ainda é muito dependente do leite materno, logo não é possível se distanciar por mais de três horas, pois ninguém quer vê-lo chorando de fome. A mãe também deve estar muito cansada, já que seu sono de beleza é fatiado em três ou quatro pequenas porções durante a noite. Contudo, é importante - ao menos - ter um planejamento, fazer algo fora da rotina “morocentrista”  - do grego moró(μωρό), que significa “bebê” e kentron(κέντρον), “centro” - para manter vivo o “mor”, o “paixão”, o “cuticuti”, o “xuxuzim” e o “gata”.
minha esposa não gosta quando eu a chamo de "porpeta"

Por isso, recomendo: usem e abusem dos parentes e padrinhos - que quase se matam para ter uma oportunidade de visitar ou até mesmo pegar o bebê no colo. Use-os como alternativa para manter o filhote sob cuidados, enquanto você e seu(ua) parceiro(a) dão uma escapadinha para o jantar, para a pernoite ou para a praia. Até mesmo, pense em como pode ser bom ter uma noite tranquila em casa, pedindo uma pizza e assistindo uma reprise na TV ou um seriado no computador, apenas como casal - e sem intervalos.

haja pipoca!

Não me entendam mal, ainda acho que a vida de um pai é, em suma, prover uma boa vida para seu filho, compartilhar as experiências com ele e estar o mais presente possível. A criança de forma alguma é um fardo a ser carregado pelo casal. Mas, como eu disse mais no início, antes da família ser de 3, 4 ou 5 pessoas, ela começou sendo com apenas duas. E isso não pode ser esquecido.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Your name is tattooed on my heart

Acho muito bonito gente tatuada. Nada de exageros, obviamente, mas tatuagens temáticas - principalmente nas mulheres - normalmente ficam muito elegantes. Contudo, nunca me interessei em fazer uma. Para mim, sempre faltou duas coisas primordiais: 1- ter “corpo” pra isso (baixinho, pançudinho, mirrado e com cara de criança? Não dá, né) e 2- ter um “motivo”.

Tatuagem é algo que, após feita, é algo para carregar pro resto da vida, mesmo gordo, mesmo magro, mesmo enrugado, mesmo pelancudo. Não dá pra voltar atrás - ok, até dá, com aquelas sessões caríssimas de laser, e tal, mas você entendeu. O que eu quero dizer é: fazer uma tatuagem é arcar para sempre com uma escolha sua. Precisa ser muito bem pensada e ter um propósito muito grande, um significado que vai te acompanhar por toda a existência.

Como explicar isso para os futuros netos?

Tem gente que tatua o nome do(a) namorado(a) ou cônjuge. Dizem que é prova de amor. Aí o amor acaba, o cara vira gay, a mulher foge com um ricaço, e a tatuagem fica no corpo para sempre. Não é a melhor escolha, não é mesmo? Outros pensam “vou fazer uma tatoo!” e vão para o estúdio, dar uma olhada em todos os catálogos pra achar um desenho bacana e imortalizá-lo em sua pele (normalmente é uma borboleta). Nada contra, mas será que essa mesma pessoa não deveria pensar duas vezes, imaginar a representatividade da tatuagem na sua vida, e se tal razão deverá ser carregada por ela a vida inteira? Fora que o fator “originalidade” é nota zero. Admito que cheguei em uma época da vida a pensar em tatuar o símbolo da minha banda favorita, afinal na minha cabeça eles sempre seriam sinônimo de boa música. Mas aí lembrei de casos como o Green Day, e desisti.

Vai pra casa, Green Day, ninguém mais gosta de você!

Outro fator importante: definida a tatuagem, é preciso procurar um profissional de confiança, que tenha bala na agulha, senão seu tão sonhado desenho pode virar um incrível borrão por todos os séculos dos séculos em seu tecido epitelial. E claro, o desenho também deve ser bom - não vá mandar um desses desenhistas de muro de creche comandar os traços que irão cicatrizar em cores na cútis do seu ser, ok?


você não vai querer isso na sua pele.

Nem isso.

E da mesma forma como a tatuagem é uma escolha cuja consequência será carregada por toda a vida, gerar um filho também demanda um compromisso vitalício, como já foi dito por mim nesse blog algumas vezes. E por isso, do nada, resolvi tatuar o nome dele no meu braço. Alguns me perguntaram “por que você fez essa tatuagem?”. O mais engraçado é: não sei! Vi uma promoção na internet, pesquisei sobre o estúdio de tatuagem para verificar a qualidade e fui lá. Logo eu, que sempre prezei pela motivação e por pensar 3, 4, 5 vezes antes de tomar uma atitude como essa, fiz uma tatuagem no ímpeto. Acredito que, no fundo, eu sabia que estava seguindo, pelo menos, a mais importante demanda: o motivo. Repito: filho é algo que se carrega por toda a vida, e o significado da tatuagem sempre será o mesmo - é a vida que gerei e da qual serei responsável por boa parte da minha existência. Nada mais justo carregar isso na pele. E é bom ser no braço porque, vai que rola outro filho, né? Aí tem o outro braço pra tatuar também! Agora, se vierem gêmeos, o pau vai comer =X.

A parte divertida é: quem não me conhece e não sabe que tenho um filho poderá perguntar “mas quem é esse?” e poderei responder que na verdade sou gay e esse é o nome do meu boy magia. Vai ser engraçado testemunhar as reações.


domingo, 12 de outubro de 2014

Desenhos x Desenhos - Parte 2

Ok, vamos ao assunto principal: desenhos atuais. Acho que podemos dividí-los em dois grupos: os nonsense e os educativos.

Para mim, Bob Esponja é o desenho que delimita a diferença entre o aceitável e o absurdo. Eu, que passei boa parte da infância me divertindo com o canal Cartoon Network, senti um pedaço da minha infância indo embora ao assistir apenas uma hora desse canal na casa de um amigo há alguns meses atrás. Ele foi infestado de desenhos bem caricatos, com personagens exageradamente malucos e que tentam fazer humor única e exclusivamente por fazer caretas, vozes estridentes e piadas sem noção. E isso - na minha concepção - derrete o cérebro das crianças. Eu imitava frases e vozes dos desenhos antigos, comportamento normal na infância. Agora imagine um bando de pimpolhos falando igual a isso:


eLe Eh O hOmEm CoM vOz De GaRoTiiiiiiiiiiiiiNHAAAAA!!! <o>

O segundo grupo é um fator a parte: nada contra desenhos educativos, que incitam o lúdico. Eu mesmo, quando mais novinho, assistia Castelo Rá-Tim-Bum (quem nunca?), entre outros. Mas o que temos hoje é exagero. Tenho uma sobrinha de 5 anos, já fiquei um tempo vendo-a assistir Dora Aventureira, Oomi Zoomi e por aí vai. Só o fato da animação fazer com que a criança fale com a TV já me deixa assustado, pois é quase o atestado que ela tem mais interação com um eletrônico do que com as próprias pessoas ao redor. Aí, acompanhando a estória, dá-se uma noção de um mundo lindo, onde basta fazer tudo cantando (desafinado e sem rimas, por sinal) que tudo acontece maravilhosamente bem. Só que a vida não é assim.


- Vamos ajudar o Botas? *silêncio constrangedor* - Ótimo!

Podem achar que estou exagerando - e devo estar mesmo - mas se você, leitor, tem algum contato no Facebook que tenha 10, 12 anos, e acompanha as postagens dessa pessoa, possivelmente vai concordar comigo que tem alguma coisa errada com essa nova geração. E não me entendam mal, eu sou totalmente a favor de desenhos! Tenho muita pena das crianças de hoje que não tem o advento da TV a Cabo em casa, ou do Netflix, e só tem a Ana Maria Braga e a Fátima Bernardes como companhia para suas divertidas(SQN) manhãs. Mas acredito que essa perseguição aos desenhos antigos, devido a “grau elevado de violência” ou “apologia ao bullying” tenha destruído o sentido de diversão, entretenimento e - até mesmo - senso de realidade dos desenhos atuais, tornando-os uma fábrica de crianças que aprendem a responder a Dora em inglês, mas não sabem sequer atravessar a rua.


Os programas da manhã tem dicas importantes para as crianças

A meu ver, a nova geração está sendo educada pela TV ao invés de ser disciplinada pelos pais. As crianças perderam a noção do certo e errado, do comportamento social e da coletividade. A imbecilidade do povo credita essa falta de educação a quem está mais presente na vida da criança: os desenhos. Os pais que tomem vergonha na cara e ensinem seus filhos a serem cidadãos de bem, pois todos os que conheci durante minha infância e que se desvirtuaram do bom caminho era porque tinham problemas dentro de casa, e não porque eram fãs do Pica-pau.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Desenhos x Desenhos - Parte 1

Faz tempo que prometi escrever a respeito dos “desenhos derrete cérebro” que existem hoje, e que - a meu ver - estão emburrecendo as crianças. Tentei bolar várias formas de abordar o assunto da forma mais coesa possível, mas cheguei à conclusão ficaria muito extenso e cansativo. Por isso, dividirei em duas partes.

Boa parte dos desenhos que eu assistia na minha infância eram completamente diferentes dos que existem hoje por dois motivos simples: 1- normalmente eram muito violentos (se é que dá pra chamar uma bigorna caindo na cabeça de um pato algo “violento”) e 2 - pregavam o bullying e a malandragem. Isso, claro, no ponto de vista dos conservadores. Por isso, antes de começar a esmiuçar os cartoons atuais, precisamos primeiro analisar os antigos.

Cresci vendo Pica-pau, Tom e Jerry, Pernalonga, e mais recentemente, Tiny Toons e Animaniacs. O que todos esses têm em comum? Um ou mais personagens querendo passar por cima de outro. O Pica-pau era um malandro de primeira, sempre queria se dar bem com o menor esforço - tipo descer as cataratas em um barril - ou então tentava se vingar de quem o passava pra trás (maldito Zeca Urubu!). A mesma coisa para o Pernalonga em relação ao Patolino ou ao Hortelino, o Jerry sobre o Tom, e assim por diante. Não é necessário pesquisar muito no Google para encontrar algum psicólogo, professor, estudioso ou religioso falando sobre como esse é um comportamento nocivo, que incita a violência e a política de “se dar bem a qualquer custo”.


Não somos parentes!

Pois bem, isto posto, pergunto: além de - provavelmente - você, quantas pessoas conhecidas suas que assistiam os mesmos desenhos? Agora pegue essa fatia (que acredito ser generosa) de seres humanos e separe quantos viraram extremamente violentos, corruptos, inescrupulosos e com tendências ao facismo? Sinceramente espero que - assim como para mim - a resposta seja “nenhuma”.

Outra reclamação a respeito dos mesmos desenhos é o bullying. A forma debochada e prepotente que os personagens faziam chacota de seus rivais é tida como motivação para que as crianças façam o mesmo com seus coleguinhas. Bom, eu sempre fui baixinho, sempre tive cara de criança, uso óculos desde os 4 anos, tinha os dentes da frente iguais aos de coelho (obrigado dona dentista por tê-los arrumado o/), sou canhoto, branquelo, fracote e CDF. Ou seja, eu nasci para o bullying. Quando Deus me criou, Ele praticamente implorou aos valentões para me zoarem. Ainda assim, consegui me tornar um adulto normal - com alguns traumas, obviamente - que consegue lembrar da juventude com alegria e boas memórias. O fato é que, independente de qualquer desenho, videogame, filme ou seriado, o obeso sempre será o “rolha de poço”, o baixinho será o “tampinha”, o altão será o “girafa”, o de óculos será o “quatro olhos” e a menina esquisita que fica isolada no canto da sala sempre será a “Carrie, a estranha”. O bullying faz parte da vida, porque a maldade faz parte do ser humano. As pessoas não são boas, elas tornam-se boas a partir de boa educação e do senso de certo e errado apresentado durante seu crescimento. E desenho nenhum vai mudar isso.

poxa...  =(

Claro, aqui peguei um grupo específico de desenhos, existem outros que não seguem a mesma linha (He-Man, Caverna do Dragão, Tartarugas Ninja, etc.), mas se pegarmos caso a caso, algum dos itens listados acima também serão levantados como nocivos por quem é alienado demais para abstrair o fato que SÃO APENAS DESENHOS!

#sdds

- “Tá, Mas qual a relação de tudo isso com os desenhos atuais e por que eles são tão bobos, feios e com cara de mamão?”

Bem, explico meu ponto de vista em um novo texto, no fim de semana.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

iFome

De vez em quando marco um almoço com os amigos durante a semana, mesmo tendo um refeitório onde trabalho. É bom para manter a união, e também sair da rotina. Numa das últimas vezes, uma sucessão de fatos fez o encontro ir por água abaixo.

Combinamos via internet o almoço em um lugar que eu nunca tinha ido. Sabia o nome do restaurante e mais ou menos o local. Só depois que já estava a caminho, resolvi confirmar onde era. Tentei ligar para o meu amigo, o celular estava desligado. Pesquisei o endereço do local via 3G, e o primeiro link me deu um endereço muito próximo de onde ele tinha me dito que ficava. Cheguei no horário, e ele não é de se atrasar. Tentei ligar de volta, e nada. Mandei mensagem pelo Whatsapp, e nada. Esperei por 20 minutos, aí comi e fui embora. No caminho de volta, a poucas quadras de onde almocei, encontrei um outro lugar, com o mesmo nome. Quase que no mesmo momento, ele me respondeu no celular, dizendo que o celular dele estava quebrado, que cansou de me esperar e foi embora.

Mas qual é o ponto que quero chegar? Bem, se fosse há uns 15 anos atrás, eu perguntaria qual o endereço corretamente, anotaria em um papel, pediria pontos de referência,  tudo antes de sair. Mas hoje estamos tão dependentes do celular que eu nem pensei em tudo o que precisava, pois era só pegar o telefone e ligar para ele, em caso de dúvidas. E esse é só um exemplo. Com certeza você, que lê esse texto agora, já falou ou ouviu algo do tipo “vai ao mercado, se eu lembrar de mais alguma coisa pra comprar, eu te ligo” ou “me liga quando você chegar que eu te encontro”.

Minha maior preocupação quanto a essa dependência é que sou contra dar um aparelho de celular a uma criança. Vejo crianças com 9, 10 anos, com seu próprio celular à mão, mandando mensagens e brincando com joguinhos. Embora eu ache que haja, sim, pontos positivos, como poder ligar ou receber ligações no caso de alguma emergência, ou então o próprio senso de responsabilidade por um item de valor mais elevado, eu tenho em mente que isso acaba escravizando a criança desde cedo com a tecnologia e com o comodismo, além - é claro - de auxiliar na distração deles.

Né?

Não tenho informações de pessoas próximas, mas volta e meia vejo reportagens a respeito do comportamento das crianças nas salas de aula, e lá está o celular, tirando a atenção dos alunos. No meu tempo (frase de velho) a distração era por meio de mini games ou tamagotchis - e esses eram sumariamente confiscados pela professora. Fora isso, é normal encontrar - por exemplo - em restaurantes ou praças de alimentação os pais com suas crianças sempre no “tec tec” do celular, sem interação alguma. Chegará um tempo em que “Oi” será mais relacionado a uma operadora de celular do que a um cumprimento social.

quem lembra?


Se a desculpa para ter o telefone é ter comunicação direta com os pais, tudo bem. Lembro que já deixei minha mãe muitas vezes louca da vida por não achar um orelhão no caminho de casa. Ainda assim, acho que tem que estudar o caso muito bem. Não adianta tentar bloquear celular pra não poder baixar jogos ou coisas do tipo, pois as crianças aprendem rápido e hoje em dia, com o Google, dá pra descobrir como fazer quase qualquer coisa. Talvez eu morda a língua e acabe cedendo no futuro, mas por ora, quero meu filho longe do celular e mais perto dos pais.


Obs.: Essa imagem eu peguei do site Mães em Obra, onde encontrei essa postagem a respeito do uso de celular para crianças. É bem interessante, vale a pena ler: http://www.maesemobra.com.br/2013/12/a-hora-certa-de-ter-um-celular/

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mudança de planos

Nosso filho já está tão ligado conosco que quer até fazer as refeições junto com a gente. O que ele não entende é que, por enquanto, fica difícil da minha esposa dar de mamar e jantar ao mesmo tempo.

Agora, com quase 3 meses de experiência (praticamente um estagiário), posso complementar o que já escrevi no texto sobre como é ter o primeiro filho. A nossa rotina mudou drasticamente - o que não é nada mais do que óbvio. Não lembro a última vez que joguei Red Dead Redemption, que pesquisei os horários do cinema ou que pensei “dane-se a janta! Vamos comer fora”. O último filme que assisti junto a minha esposa foi há mais de um mês, e tivemos que assistí-lo em duas partes.


John Marston está com saudades de mim.

Coisas que eram corriqueiras, que faziam parte do nosso dia a dia, que pareciam simples - e as vezes até entediantes - agora se tornaram raridade. A realidade agora é separar nossa agenda e afazeres em blocos de duas ou três horas, contando que no meio existem compromissos marcados - como a hora do banho do guri - e intempéries - como as trocas de fralda. Nas últimas semanas, até o volume da TV começou a ser manipulado com mais frequência, visto que chegou na época das crises de cólica, inclusive atrapalhando nosso sono de vez em quando.

Sabendo de tudo isso, você pode me perguntar “como você aguenta?”, não é? Pois eu respondo: eu sinto durante o dia tanto sono quanto sentia antes do nascimento - o fato dele acordar de vez em quando durante a madrugada não alterou nada. Eu poderia tranquilamente ligar o videogame e jogar - inclusive com ele no meu colo - mas não sinto falta. Netflix tá aí, firme e forte, então pra que gastar com cinema(fora o preço exorbitante da pipoca)? E se rolar aquela vontade de comer algo diferente, sem problemas: Deus criou o delivery para casais como nós!

Já fiz isso.


A rotina mudou, mas não estressou, nem entediou. O simples fato de vê-lo olhando atentamente para mim já me distrai mais do que qualquer atividade. Nos divertimos fácil só com as caretas, sons e poses do bebê - a risada vem ao natural. É quase impossível ter o guri por perto e não querer dar um afago ou um beijo. Não tem uma explicação lógica, é apenas um instinto. Provavelmente o mesmo que te fazer querer amassar um cachorro fofinho ou um filhote de panda.

admita, você quer apertá-lo.


Estamos acostumados a outras formas de lazer - games, filmes, comer fora, caminhar pela praça, Whatsapp - mas essas coisas nada mais são do que distrações, meios de passar o tempo. O bebê nos deu um novo entretenimento, daqueles que você olha o relógio e diz “três horas já, caramba!”, e que de forma alguma é pesaroso. Talvez você - que ainda não é pai ou mãe - leia meu relato e pense “ahhh, bem capaz”. Não te culpo, pois se eu tivesse lido isso é alguns anos atrás, pensaria a mesma coisa.