segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Acordando no susto


Sábado, para a maioria das pessoas, é aquele dia de acordar mais tarde, pra tentar compensar as poucas horas de sono durante uma árdua semana de trabalho, levantando cedo para não perder o ônibus das 7h, não é? Bem, para mim, no último sábado, não foi.

"Antes do nascer do sol, ele é seu filho". Adoro essa frase.

Quem é leitor mais assíduo aqui deve lembrar que o guri está com uma traqueostomia. É até tranquilo cuidar dele, só temos que tomar algumas precauções, como fazer inalação todos os dias, aspirar e limpar a cânula quando há muita secreção, mas principalmente, não deixar a traqueostomia sair da traqueia.

Para quem não conhece, essa é uma cânula de traqueostomia. Repare no cordão que amarra as duas pontas. Isso vai ser importante pro resto da história.

Os primeiros raios de sol mal tinham acertado o horizonte, e eu e minha esposa acordamos com ele tossindo. É algo normal, todo mundo tosse, então continuamos deitados, tentando voltar à terra dos sonhos. Mas de repente ele deu uma tossida mais forte, esquisita, e - depois de meses - voltamos a ouvir a sua voz, num choro assustado. Juro que nunca levantei tão rápido da cama, mas minha esposa foi ainda mais rápida. Ao chegarmos no berço, ele tinha, de alguma forma, desamarrado o cordão da traqueostomia e ela tinha caído. Por causa da rapidez, conseguimos colocar o tubo de volta para dentro (se você é sensível a esse tipo de coisa, tente não imaginar a cena), antes que o buraco começasse a se fechar (porque SIM, os músculos se retraem), e amarramos o cordão novamente.

Nós levantando da cama

Aí você pensa “tadinho dele! Deve ter ficado apavorado!”. Qual não foi a nossa surpresa, às 6h40 da manhã, após todo aquele perrengue, olhar para ele sorrindo e batendo palmas, como quem diz “muito bem, pessoal! Agiram rapidinho!”? Pior: continuou acordadasso, com ótimo humor, querendo brincar com nós 2, todo feliz porque a família tava toda ali reunida.

"Parabéns aí, galera! Muito bom!"

É impressionante, e de certa forma, exemplar a forma como as crianças lidam com as adversidades. Pode ser a inocência a respeito da gravidade da situação, ou a falta de entendimento do que está acontecendo, mas é fato que é difícil ver uma criança que esteja doente, usando algum tipo de aparelho médico ou que possua alguma condição especial e que fique o tempo todo de mau humor ou se lamentando por estar daquele jeito. Tenho um exemplo vivo em casa - que é mais animado e espoleta que muita criança “100% saudável” que conheço - e já vi e convivi com casos como um garoto de cadeira de rodas e uma menina que sofreu paralisia infantil, e nunca os vi deprimidos. Talvez devêssemos nos inspirar nesses pequenos quando acharmos que “tá difícil pra nós”. Pode ser um simples caso de “a ignorância é uma bênção”, ou talvez tenhamos que aprender que há muito mais coisas para se alegrar do que aquele probleminha ou outro que teima em tentar nos derrubar. Mesmo que nos derrube da cama às 6h40 da manhã, mas nos dê um “parabéns” assim que resolvido.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ninguém tem paciência comigo!



Não importa quanto eles sejam fofos, engraçadinhos e indefesos: em algum momento os bebês serão capazes de te tirar do sério - seja com as birras para não comer, a inquietação ou a falta de entendimento para compreender que não pode colocar o dedo na tomada ou entrar na casinha do cachorro.

Brincar com najas também entra na lista

É complicado brigar com uma criança de 1 ano e meio, já que ela mal tem noção do que é o “não”, do que é perigoso e do que é nocivo. Reza a lenda que eles só entendem o certo e o errado a partir dos 3 anos. Por isso, esse período de “entressafra” entre eles começarem com as sapecagens e entenderem o que pode ou não pode é, talvez, um dos mais cansativos para os pais (disse o pai que só conheceu a ponta do iceberg até agora). O fato é que, não importa quem for, todos tem um limite da paciência, e é aí que entra uma parceria entre pai e mãe.

"- Mãe! Mãe! Manhê! Mãe! Mamãe! Mamãenhê! Mãe!"
"- QUE FOI???"
"- Oi!"

Não foram poucas e nem serão poucas mais as vezes em que eu tive que assumir o almoço do guri para que a mãe não jogasse o prato de comida na cara dele, ou eu estava quase explodindo porque estava difícil de fazê-lo dormir e minha esposa chegou antes que eu o amarrasse na cama (e antes que vocês queiram chamar o conselho tutelar, saibam que é tudo figura de linguagem). O que ocorre - graças a Deus - é uma boa gangorra entre nós, onde um recarrega a paciência enquanto o outro tem ela sendo torrada pelo rapazote.

Por favor, deixem o sr. Telar em paz.

Também não é como se as trombetas do apocalipse soassem sempre que ele acordasse. Na verdade, ele é um bom menino, e dá pouco trabalho, se comparado a outras crianças que já conheci. Mas o maior problema é que ele - conscientemente ou não - sabe como nos quebrar as pernas quando estamos tentando brigar: se estamos o repreendendo, tudo vira um grande “Jogo do Sério”, onde tentamos parecer nervosos, enquanto ele sorri, faz caretas ou manda beijo. Sim, a fofura é parte do arsenal deles.

Ele faz essa cara quando estamos brigando com ele. Quem aguenta?

Enfim, fica a dica: revezem os cuidados, pais e mães, para que nenhum dos progenitores acabe querendo brincar de basquete com seu rebento. Crianças demandam cuidado, paciência e, principalmente, de um bom competidor para o Jogo do Sério.