quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Dosmilequinze

Esse foi, de longe, o ano mais louco que já vivi. Não só pelo fato de ter virado pai, mas por tudo que isso englobou. Quem acompanhou ou leu a respeito de como foi o nascimento e o período que se estendeu após isso, sabe do turbilhão que passamos, além de outras correrias, e surpresas, e acontecimentos. Pessoas que achei que ficariam mais próximas de nós exatamente por causa do nascimento do nosso filho se distanciaram (e algumas tiveram a pachorra de dizer que nós “sumimos”, como se não soubessem do período de 3 meses que tivemos que ficar entocados em casa), já outros que estavam mais distantes, se aproximaram. Teve alguns, ainda, que surpreendentemente se dispuseram a nos ajudar e apadrinhar o guri sem que esperássemos, mesmo porque não achávamos que estariam tão conectados conosco ao final da epopeia da eclosão bebezística. De certa forma, o meu início de ano passou quase despercebido exatamente pela quantidade de experiências que aconteceram do segundo semestre para cá. 2014 me proporcionou três aprendizados que levarei para a vida toda:

1- Se sua mulher está grávida, leve-a ao médico ao menor sinal de desconforto. Pode ser só gases, mas leve-a ao médico ou a um hospital. Não adianta levar só na maternidade, veja um local que atenda ambos, pois maternidade só cuida direito da criança;

2- Amigos de verdade não mandam só mensagens perguntando se “estão todos bem”, mas ligam ou batem à nossa porta para ter certeza. Acima de tudo, fazem questão de estarem conosco, principalmente quando são convidados;

3- O mais importante: você só se torna adulto após ser mãe/pai. Não é com 18 anos, não é quando sai da casa da mãe, quando compra seu primeiro carro ou quando se casa. A responsabilidade de cuidar de uma vida extrapola qualquer conta que vence no fim do mês, qualquer infração de trânsito que você possa cometer, todas as tarefas que seu chefe quer que você termine antes das 17h de sexta-feira ou aquele ingrediente crucial para a receita e que você esqueceu de comprar no mercado  - e sua esposa provavelmente irá te matar por isso. Ter um filho é rever suas prioridades, abdicar de quase todo o seu desejo próprio em prol da saúde e da segurança de uma pessoinha em miniatura que só tem um sorrisinho banguela pra te oferecer como retribuição a toda essa dedicação. Mas esse sorrisinho vale muita coisa, como vale…


Feliz ano novo!


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Então é natal…

Eis que passo meu primeiro natal como pai, e eis que não mudou muita coisa. Acredito que vou sentir o peso de ser um pai nas festividades natalinas só quando ele tiver idade pra me pedir uns beyblades de presente. Nem me vestir de papai noel serviria, já que nem tenho barba e minha pança só tá uns 20% do necessário para fazer o papel do bom velhinho.


Beyblade de pobre.


Mas se para mim não foi surpreendentemente impactante, não posso falar o mesmo da minha família. A chegada do guri causou furor no recinto: tias se descabelando, primos brigando entre si, madrinha empurrando tio pela escada para chegar por primeiro, entre outros ocorridos que só se vê na TV à tarde, no programa da Márcia.


Falando nisso, ainda existe o programa da Márcia?


O fato é que ele passou grande parte da noite dormindo. Outra boa parte mamando e um tanto de tempo chorando - afinal era muita gente estranha para ele, fazendo caretas e barulhos semelhantes a um apocalipse zumbi. Mas o impressionante mesmo foi a capacidade dele conseguir dormir tanto. A minha família é grande e do tipo italiana, com uma ou duas tias e umas duas primas que, quando se empolgam, facilmente adquirem a habilidade de se tornarem supersônicas. Ainda assim, ele estava tendo o sono dos anjos.


Nem precisou de um desses


Acho que a tal “magia do natal” aconteceu mesmo na hora da entrega de presentes: ele ganhou muitos, de brinquedos a roupas, além de acessórios que serão de grande valia. Após anos ganhando de presente apenas meias e uma ou outra camiseta, vi o carro cheio de papéis de presente e sacolas na hora de ir embora. Apesar de não serem para mim, me lembrei de como era divertido o natal quando era criança: a expectativa de dar meia noite para poder abrir os presentes, a ansiedade para saber quem me daria o quê, os abraços de agradecimento e as brincadeiras com os primos. Aí eu tive a certeza que a tendência é que cada natal seja mais alegre, ano após ano. Mesmo que eu tenha que comprar barba e barriga postiças - ou começar a comer muitos donuts.


Feliz Natal!


domingo, 21 de dezembro de 2014

Lava, lava, lava, uma orelha, uma orelha - Parte 2

Continuando a saga das primeiras vezes, hoje eu dei um banho completo no guri pela primeira vez. Antes eu era apenas coadjuvante, já ajudei a segurar, a passar sabão, mas não tinha assumido a titularidade na arte de higienizar o pimpolho.

Dar banho é consideravelmente mais complicado do que trocar fraldas, tendo em vista que você nunca tem certeza que limpou tudo direitinho. Numa troca de fraldas, o inimigo está ali, pastosamente apresentado, contrastando com a pele do bacuri - e cheirando muito mal, diga-se de passagem. Já no banho, você até tenta limpar integralmente a superfície bebezística, mas será que todo o suor, resquícios de vomitinhos e caquinhas foi devidamente removido?

Valeu, Neto!

Já viram aquela tática que os médicos fazem de sujar as mãos do paciente com tinta para ver se ele sabe lavar a mão corretamente, alcançando todos os espaços? Pois bem: de repente, cobrir o filho de tinta guache ou com farinha, e aí dar um banho, é uma alternativa plausível para confirmar que sua forma de dar banho está de acordo com a ABNBB - Associação Brasileira de Normas para Banho em Bebês.

Melhor não. Vai que o guri gosta da brincadeira?

Outra preocupação é lavar as costas e o bumbum: tem que virar o guri de costas, deixando-o cara a cara com a água. Aí você tem que achar o ângulo perfeito entre deixá-lo muito reto - e sem maleabilidade pra lavar o popoti - e ouvir uns “glub glub glub” - que acredito não ser muito saudável para a criança.

Roupa apropriada pra dar banho no bebê

Enfim, para um primeiro banho, acredito que me dei bem: ele saiu com cheirinho de camomila, sem vergões, roxos ou arranhões. Também não chorou, nem tentou pular para fora da banheira para tentar salvar sua vida. Logo, me auto-pontuo com nota 8. Vamos ver como serão as próximas vezes - se é que a mãe dele vai permitir que seu amado filho ter mais doses de adrenalina como hoje.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Relato de uma "noitada"

Há 5 anos Hoje

22h. Me apronto para entrar no chuveiro. Depois do banho tomado, escolho uma roupa bacana, com o qual tento ficar - a muito custo - bonito. Após esperar o contato dos meus amigos, saio de casa para ir para a balada, e chego lá perto de meia-noite. Assim que chego, já pego uma cerveja, e a banda de rock começa a tocar. Converso gritando com os amigos, devido ao som alto da música. Pego mais uma cerveja, e canto uma música bacana de forma despreocupada. No intervalo das músicas, vou ao banheiro, me infiltrando no meio da multidão de gente para ir e voltar do sanitário. A banda volta a tocar. Quase no fim da apresentação, tocam uma música ruim. Subo até o bar para pegar mais uma cerveja. Quando volto, a banda tinha acabado, e meus amigos ainda estavam animadões. Ofereço minha cerveja para um que está sem. Começa a música eletrônica, e descemos para o lounge. Enquanto finjo estar dançando de um lado a outro, fico esperando por um sinal de música boa, mas me decepciono com os “tux tux” que permanecem tocando. De vez em quanto o DJ aumentava o som, mostrando como DJs podem ser sarcásticos. Fui pegar mais uma cerveja pra espairecer. Meus pés já doem. Sento numa cadeira, mas meus amigos não querem que eu fique parado, e começam a me zoar. Volto a ficar de pé. Tento me animar e voltamos a conversar e dar risada, mas a música continuava martelando repetidamente na minha cabeça. Aí a coisa piora: começa a tocar axé. Olho pros meus amigos e digo “vamos embora?”. Eles enrolam um pouco, mas finalmente parecem tão cansados quanto eu. Sento no sofá da recepção aguardando que eles paguem a conta. Vamos até o carro e rumamos para casa. Chego em casa, escovo os dentes, troco de roupa e deito a cabeça no travesseiro, feliz por ter me divertido, mas bastante cansado por ter passado a noite na farra.

22h. Me apronto para entrar no chuveiro. Depois do banho tomado, coloco meu pijama, com o qual tento ficar confortável. Após esperar minha esposa ir dormir, coloco um seriado para assistir, que acaba perto de meia-noite. Assim que desligo, vou até a cozinha e pego um copo d’água, e o bebê começa a chorar. Converso sussurrando com minha esposa, pra tentar não despertá-lo ainda mais. Pego um copo de água para ela, e tento fazer o guri voltar a dormir de forma preocupada. Ela resolve dar de mamar, então vou ao banheiro, andando na ponta dos pés para ir e voltar do sofá. Volto a ver o seriado. Quase no fim do episódio, o guri volta a chorar. Subo até o quarto para ver o que está acontecendo. Chego lá, o choro tinha acabado e minha esposa estava em estado de zumbi. Ofereço minha ajuda para fazer o guri dormir. Começo a tentar fazê-lo dormir, e desço para a sala. Enquanto ando com ele de um lado a outro, fico esperando por um sinal de sono do guri, mas me decepciono com seus enormes olhos feito duas jabuticabas que permanecem me olhando. De vez em quando ele ainda sorria pra mim, mostrando como bebês podem ser sarcásticos. Fui pegar mais um copo d’água pra distrair. Meus pés já doem. Sento no sofá, mas ele não quer que eu fique parado, e começa a reclamar. Volto a ficar de pé. Tento me animar e volto a andar de lado a outro, mas o sono continuava martelando repetidamente a minha cabeça. Aí a coisa piora: ele começa a choramingar. Olho pro meu filho e digo “vamos dormir?”. Ele enrola um pouco, mas finalmente parece tão cansado quanto eu. Sento no sofá da sala aguardando que ele adormeça. Vamos até o quarto e coloco-o no berço. Depois chego no banheiro, escovo os dentes, subo para o quarto e deito a cabeça no travesseiro, sem ter me divertido, mas feliz por ter cuidado do meu filho e ter sido bem sucedido na minha missão.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Grama verde, céu azul...

“… e flores vermelhas! Sorrindo para o amigo Sol, que está sempre alegre!”♫
Sim, é isso mesmo que você está imaginando: por mais que eu tenha me esforçado para que esse dia não acontecesse, ele sumariamente repousou sobre nossas vidas para se manter conosco por anos a fio. Me dói dizer isso, mas meu filho ganhou um presente musical - e o pior: ele adorou.

Acredito que seja mais pela luz vermelha piscante e pelo colorido do brinquedo, mas para que a luz pisque, é preciso que ele cante. É uma simples máquina fotográfica com um sol sorridente (que está sempre alegre) no lugar da lente, mas é o suficiente para deixá-lo calmo e concentrado mesmo quando estava incessantemente chorando.


Eis o responsável pelo meu martírio

Eu não queria que ele ganhasse brinquedos com música, pelo simples fato que as canções grudam na nossa cabeça com uma intensidade maior que A Dança da Manivela (aqui tá quente! Tá frio! Muito quente! Muito frio!) ou qualquer uma do Molejão. Eu já me peguei cantarolando esses famigerados versos dirigindo a caminho do trabalho (e com o rádio ligado), durante o banho e até mesmo pro meu filho - que é, no caso, um dos sintomas finais que indicam a impregnação total da musiquinha dentro da família.

“Assim tá bom dimaaaaaaisss!”

Eu fico cabreiro com esses brinquedos, não só por temer pela minha própria sanidade, mas porque meu lado psicótico acredita que sempre tem um motivo obscuro para essas musiquinhas existirem. Cresci numa época onde se acreditava que dentro do corpo do boneco do Fofão havia uma faca, que a boneca da Xuxa criava vida durante a noite, entre outras bizarrices. Morro de medo de tocar a música ao contrário e descobrir que, na verdade, é uma mensagem de ETs informando que serei abduzido por ouvir o segredo das galáxias, ou algo do tipo.


O_O

Ok, exagerei. Na verdade, é só egoísmo meu, não queria ficar ouvindo repetidamente as mesmas cançõezinhas chiclete por horas e horas nos dias que hão de vir. Sei que brinquedos musicais são interessantes para evoluir ritmo, criatividade e musicalidade da criança. Também sei que é muito provável que daqui a pouco tempo estarei cantarolando sonetos elaboradíssimos de Lazy Town, Meu Amigãozão e - Deus tenha piedade da minha alma - Galinha Pintadinha. Se isso é importante para o aprendizado do meu filho - ou até mesmo para distraí-lo ou acalmá-lo de vez em quando - tudo bem, mas será que é pedir muito trocar essas músicas por AC/DC?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Adivinha?

Uma das coisas que mais me irritou durante a gestação foi a quantidade de “videntes” que acabamos conhecendo. Começou quando finalmente tornamos a gravidez pública: por acharmos mais seguro só divulgar após o terceiro mês que estávamos esperando um filho (o período mais “delicado”), foi um festival de “Eu sabiiiiia!”. Engraçado que essas pessoas “sabiam”, mas nunca afirmaram nada para nós - sequer questionaram. Depois foi a vez do sexo do bebê: “sabia que ia ser um menino!”. Alguns diziam que era por causa do formato da barriga, outros porque o umbigo estava pra dentro, e não pra fora. Outros pelo brilho na pele ou nos olhos da mãe. Pessoal, sejamos justos: tem 50% de chance de acerto! Ou é menino, ou é menina! Fica fácil acertar com a probabilidade máxima. Eu realmente daria crédito se dissessem “é um filhote de ornitorrinco!” e acertassem - e pediria um teste de DNA, por óbvio.

“Parabéns, papai!”

Agora está na fase dos olhos do bebê ficarem na cor que carregará por boa parte da vida. Antes disso era um misto de cinza, marrom e azul, dependendo de como a luz batia, de qual fase a lua estava ou quantos gols o Botafogo levava no jogo do fim de semana. Como eu tenho olhos castanho-escuros (o famoso olho de jabuticaba) e minha esposa tem olhos verdes (tipo uva itália), o jogo para os videntes agora é definir qual vai ser a cor final. Aqui creio que temos quatro chances: verde, castanho esverdeado, castanho claro e castanho escuro, com uma remota chance de ter um olho de cada cor, estilo husky siberiano. Já começa a dificultar as apostas, tendo os paranormais de plantão que apelar para os orixás, as cartas e até mesmo para o espelho mágico.


Heterocromia apavora!


Como tem gente no mundo que adora dar pitacos e contar vantagem por ter acertado algo, não? Será que essas mesmas pessoas tem noção que pouco ou nada me importa se eles têm o conhecimento do universo e do espaço e tempo nas mãos? A única coisa que quero é que o guri tenha os olhos da mãe, porque os meus são muito sem graça. Se ficar com eles verdes, beleza! Se não ficar, tudo bem! Mas se você acertar a cor, parabéns, viu? Você vai ganhar um belíssimo NADA, enrolado num lindo papel de TÔ ME LIXANDO.


“Quer saber qual vai ser a cor dos olhos? Ligue djá!”


Após a definição dos olhos, começa o próximo bolão: ele será canhoto ou destro? Consultem suas bolas de cristal, búzios, o horóscopo e aquela sua tia que sabe quando vai chover porque o joelho começa a doer, pois assim que soubermos, não fará diferença nenhuma para sua vida! Quer brincar de adivinhar? Tudo bem! Nós também fazemos isso! Mas depois não venha falar conosco com um ar de superioridade, dizendo que “sabia” como seria. Fica a dica.