sexta-feira, 29 de setembro de 2017

6 Dicas de vida que um pai não deveria dar, mas dará


Mesmo que meu filho tenha apenas 3 anos, volta e meia me pego pensando em como agirei quando ele tiver seus 15, 16, 18, 20 anos (ou seja, aquele período que você, como pai, tenta dizer para ele não fazer algo de errado e ele vai e faz exatamente o contrário). Então, pensando na famosa psicologia reversa e também para ensinar didaticamente ao filho ou filha que a vida não é fácil, enumerei algumas dicas importantes para dar aos jovens filhotes que acham que já são donos do próprio nariz:


  • Ficar bêbado
    • O fato: são raros os adolescentes/recém-adultos que nunca tomaram um porre na vida, e com certeza os pais recomendaram-nos a não beber demais.
    • A dica: Ao menos uma vez na vida, o jovem rebento precisa ter uma experiência de demasia alcoólica. 
    • Aprendizados: 
      • dar valor às coisas invisíveis aos olhos (como, por exemplo, o fígado que carrega dentro de seu corpo);
      • As consequências de seus atos (através da forte e incessante dor de cabeça da ressaca);
      • Amor-próprio e dignidade (ao ter suas fotos e vídeos embaraçosos divulgadas nas redes sociais pelos seus amigos).
outro aprendizado: a gravidade tende a ficar mais forte
  • Arranjar um emprego ruim
    • O fato: jovens sonhadores querem arranjar o emprego dos sonhos aos 20 anos, abrir uma startup aos 22 e ter seu primeiro milhão aos 25. Qualquer coisa abaixo disso, eles negam e preferem continuar às custas dos pais, jogando seu videogame e saindo com os amigos com a grana da mesada.
    • A dica: arranjar um emprego que pague mal, exija muito da pessoa e que constantemente faça o ser pensar “o que tô fazendo aqui ainda???”.
    • Aprendizados:
      • valor do dinheiro (ao trabalhar 8h/dia, inclusive sábados, e receber 400 reais no fim do mês);
      • moldar caráter (quando o chefe começar a gritar e exigir prazos e metas impossíveis, usando palavras de baixo calão, fará o jovem pensar “eu nunca serei assim!”);
      • dar graças mesmo quando a situação for ruim (ao conseguir um emprego melhor no futuro e, nos momentos de frustração, pensar “podia ser pior — tipo meu primeiro emprego).
Seu Madruga tinha razão
  • Não comprar como primeiro carro um 0 Km
    • O fato: seu filho ou filha vai te encher o saco para que você o ensine a dirigir. Depois, pedirá para andar com o carro sempre que vocês estiverem em alguma região deserta, reta e sem grandes riscos de causar tragédias no trânsito. Isso, claro, antes dos dezoito. Depois da maioridade, sonharão com aquele carro 0 Km, com uma fita vermelha no capô e você - o pai ou mãe - com a chave balançando na mão.
    • A dica: esqueça  o carro 0 Km. Seja dando de presente ou fazendo o filho pagar pelo próprio carro com seu suado dinheiro (de preferência angariado pelo emprego ruim listado acima), que seja um carro rodado. De preferência já batido e com, no mínimo, 5 anos de fabricação.
    • Aprendizados:
      • mecânica (quando o carro der problema numa sexta-feira chuvosa, de manhã, no meio da rodovia);
      • não se martirizar com danos materiais (ao riscar a lataria na coluna da garagem, quebrar a lanterna traseira ao dar ré no mercado ou amassar o para-choque fazendo uma baliza — algo que vai indubitavelmente acontecer. O conserto em um carro 0 Km sairia bem mais caro);
      • o poder da barganha (nos momentos que tiver que combinar com o mecânico o custo da troca dos amortecedores ou quando for vender o carro e o vendedor querer dar apenas 8 mil no carango).
Outra possibilidade de danos ao veículo: ex-namorado(a) maluco(a)
  • Passar uma noite acordado:
    • O fato: “festar a noite toda!!!”. Que jovem nunca disse isso? A sensação que “só se vive uma vez” está sempre à flor da pele dos “teens” — mesmo que o dia seguinte traga consequências.
    • A dica: encorajar o jovem a passar a noite em claro. De preferência num domingo, tendo prova ou trabalho na segunda-feira.
    • Aprendizados:
      • o valor de uma boa noite de sono (no momento em que, mesmo que ele desligue o despertador, você, como pai ou mãe, fará questão de fazer aquela faxina na casa, com direito a aspirador de pó e enceradeira, ou então cantar bem alto a música que tocar na abertura do programa da Ana Maria Braga);
      • “Deus ajuda quem cedo madruga” (porque o horário comercial demanda foco das pessoas das 8h às 18h);
      • o mundo não pára porque você está com sono (pois, independente da noite de festa ser na sexta ou no sábado, existem coisas a serem feitas no fim de semana. E se não tiverem, você como pai ou mãe tem a obrigação de criar alguma coisa para o rebento fazer — tipo cortar a grama).
Também dá para aproveitar para zoar seu(ua) filho(a) um pouco
  • Entrar numa briga
    • O fato: o jovem é cheio de si, cheio de energia e normalmente acha que está certo. Isso, no mundo real, pode criar atritos.
    • A dica: dá porrada, filho(a)!
    • Aprendizados:
      • causa e consequência (ao levar um soco após ter gritado “ei, seu bunda mole!”);
      • os problemas não vão embora num passe de mágica (afinal, aquele chute no olho vai doer por alguns bons dias);
      • tudo pode ser resolvido na conversa (pois dói menos);
outra dica: se for brigar, esteja sóbrio
  • Entrar no cheque especial no banco (o famoso limite)
    • O fato: jovens normalmente não sabem controlar suas finanças.
    • A dica: diga para sua criança-adulta que aquele valor final no extrato bancário é realmente o quanto de dinheiro que ele possui (e não que os 2 mil reais são, na verdade, 1900 de limite). Se ele perguntar sobre juros, diga que “não dá nada”.
    • Aprendizados:
      • dinheiro não nasce em árvore (também conhecido como “você só colhe o que planta” ou, em outras palavras, o dinheiro que você ganha é só o que você pode gastar);
      • nunca fique em débito com ninguém (principalmente com a máfia. Se o banco é capaz de te cobrar juros de 200% ao ano, pense o que Don Corleone faria com você);
      • vermelho significa pare, verde significa siga (eu sei, é algo bem óbvio, mas às vezes é preciso ser mais lúdico para que o jovem aprenda).
Se mantenham longe da máfia, crianças



Em quase 33 anos de idade, se tem algo que posso dizer que aprendi é que “o que você não aprende com os pais, a vida se encarrega de ensinar na marra”. Se eu puder dar uma mãozinha para meu filho quando a hora chegar, por quê não fazê-lo, não é?

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Curtinha #8


Meu filho tem o costume de apontar as coisas com o dedo do meio. Tentei exaustivamente mostrar a ele que não é esse o dedo correto, e até funcionou com a mão esquerda, mas a direita ainda insiste em exibir o pai-de-todos em destaque. Certo dia estávamos em uma igreja pequena, na missa dominical. A igrejinha, cheia, tinha pessoas apinhadas até fora da porta, e eu, embora tivesse conseguido um lugar lá dentro, precisei sair para tentar fazer o guri dormir. Deitei-o no colo e comecei a andar de um lado a outro, embalando-o, e ele teimando em continuar acordado. De repente, um avião cruzou o céu e ele viu. Instintivamente, o guri, deitado, ergueu o braço direito e apontou o dedo do meio, em riste, para o avião, em meio à todas aquelas pessoas reunidas para um encontro católico. Por mais que não tenha sido sua intenção, quem estava lá e viu apenas um pequeno bracinho erguendo um dedo que comumente é utilizado para demonstrar desafeição pode ter tido um entendimento diferente do que “olha lá um avião!”. Enfim, momentos embaraçosos fazem parte da paternidade.