segunda-feira, 19 de junho de 2017

Dormindo quentinho


Lembro de várias vezes, durante a madrugada ou tarde da noite, eu já estar no mundo dos sonhos na minha gostosa e aconchegante caminha e acordar com o som do meu pai entrando no quarto para colocar o cobertor em mim e em meu irmão - mesmo quando eu estava com calor e descoberto por opção.

Talvez meu pai deveria ter me ensinado esse truque

Agora sou eu que sempre vou dar uma espiada no quarto do guri antes de dormir, para ver se o espoleta não se descobriu. Tento entrar sempre fazendo o mínimo de barulho, a fim de evitar o rangido do piso de madeira - e normalmente falho na missão. Mas o importante é conseguir cobri-lo e deixá-lo confortável para o resto da noite.

Eu e minhas suaves pisadas no chão

Apenas nesses dias que fui perceber a semelhança e, enfim, entender o que meu pai fazia. Não era simplesmente para que não pegássemos a tal da “friagem” da madrugada, acabar acordando com dor de garganta ou até resfriado, mas sim pela necessidade de olhar para o filho e ter certeza que ele está bem, mesmo durante a noite, mesmo enquanto está no sono dos justos.

É um sentimento muito estranho: às vezes você pensa “ah, meus filhos dormiram, agora posso ter um tempo só pra mim!” e, por mais que isso seja almejável e que você aproveite bem aquelas duas horas de tempo consigo mesmo, ainda existe uma parte sua que está sentindo falta de, ao menos, olhar para o rosto da criança ou tê-lo ali perto, só para ter certeza que ela permanece saudável e feliz.

Mas também não precisa acordar a criança

Não sei se é, no meu caso, um efeito colateral de tantos problemas que o meu filho já teve com tão pouca idade, mas prefiro acreditar que é algo que brota no ser humano assim que ele vira um progenitor. Basta assistir o Animal Planet ou o Discovery Channel pra entender que isso ocorre em todo o reino animal: os pais sempre estão preocupados em manter seus filhotes próximos, e viram bicho (perdão pelo trocadilho) se algum perigo se avizinha. Como humanos, sempre procuramos explicações racionais para todo e qualquer evento, mas às vezes temos que simplesmente aceitar que instinto, sentimento e empatia são realmente os elementos que regem nosso dia-a-dia. Talvez essa seja a melhor definição para a palavra “amor”.