quarta-feira, 20 de abril de 2016

Ele não quer comer!!


Não sei se é reflexo do calor insuportável que tem feito nas últimas semanas (lembram daquela época do ano chamada “outono”, quando começa a esfriar e as plantas começam a perder as folhas? Faz tempo, né), se ele está enjoado do tempero da Cozinha Maravilhosa de Mamãe ou se é só uma fase, mas ultimamente tem sido uma guerra fazer o guri comer direito.


Outono
Lembra???


Costumo dizer que as três melhores coisas da vida é comer e dormir (interprete como quiser), e por isso é tão difícil aceitar que seja tão complicado fazê-lo cair no sono ou filar a boia nas horas adequadas. Ele já havia se negado a comer por várias vezes, mas era questão de insistir um pouco ou até dar “uma forçada” e ele desandava a mandar a comida para dentro. Só que nas últimas semanas ele começou com a horrível mania de cuspir a comida pra fora ou fazer ânsia de vômito quando já tem rango dentro da boca.


"Eu não quero essa joça, quero sorvete!"


Eu admito, não sabemos lidar com isso. Já chegamos a brigar com ele, tentar fazê-lo comer a força, deixá-lo na cadeira “de castigo” e por pouco não tacamos o prato na parede de raiva (e limpar a sujeira iria nos deixar com mais raiva ainda). Talvez eu esteja falando besteira (afinal sou pai de primeira viagem), mas creio que essa seja a fase mais complicada de lidar com a revolta infante, já que ele está na idade de ter poder de decisão para escolher o que quer ou não fazer(comer), mas não tem idade ainda para entender o quando está agindo de forma errada, da importância de comer direito e - principalmente - discernir qual o motivo de estarmos nervosos ou tristes com ele.


Já tentei fazer isso. Não deu.


Sabemos que forçá-lo a comer não é a solução correta - e isso ainda pode causar algum tipo de trauma . Também sabemos que não pode-se simplesmente substituir a comida por uma mamadeira (que vai que é uma beleza), já que as necessidades nutricionais do rapazote já são diferentes. Então, após pesquisar muito (obrigado mais uma vez, Google) e falar com o pediatra, chegamos a uma triste e complicada constatação: tem que deixá-lo com fome.


Tá, não precisa ser tão radical também.

Cruel? Parece ser. Justo? Não sei. Necessário? Pelo jeito, sim. Não só para que ele se alimente da forma adequada, mas para que eu e minha esposa não percamos o restante de sanidade que temos e acabar deixando-o para ser criado pelos padrinhos enquanto passamos 7 anos a base de Rivotril e tratamentos de choque para nos recuperarmos. Esse negócio de não alimentá-lo quando ele nega comida nem sempre funciona, mas quando o almoço finalmente vai goela a dentro lá por três horas da tarde, você se sente um vencedor. O problema é ouvir do médico “essa fase não dura semanas, dura meses”. Pois é, tempos negros estão se aproximando...

terça-feira, 5 de abril de 2016

Enfim, sós


Sempre defendi o fato que o casal precisa reservar um tempo a sós, mesmo que a prioridade seja cuidar dos pequenos meninotes que compõem a família. Claro que é complicado encontrar alguém de confiança que aceite ficar com as crianças enquanto o casal se diverte, por isso o mais comum é conseguir sair apenas para ir a um cinema ou a algum lugar para jantar - normalmente no horário em que o bebê já está dormindo. Mas no mês passado conseguimos um feito raro, ousado e malemolente: viajamos por um fim de semana inteiro - e apenas a dois.


Lugar feio, né?


Foi necessário muito estudo e estratégia, de forma que fosse possível ficarmos tanto tempo longe do filho, enquanto minha sogra cuidava dele em casa. Deixamos uma lista extensa com cuidados, observações, posologia de remédios, telefones de emergência, telefones de pessoas que sabiam outros telefones de emergência e telefone de pessoas que conheciam pessoas que talvez soubessem mais telefones de emergência. Parece exagero, mas é necessário um cuidado todo especial por conta da traqueostomia.


Minha sogra lendo as nossas anotações


Enfim, iniciamos a viagem, rumo ao litoral. Ligamos para casa no meio do caminho para saber se estava tudo bem. Ligamos para casa quando chegamos no local para saber se estava tudo bem. Ligamos para casa antes de dormir para saber se estava tudo bem. Mas, a partir do dia seguinte, as ligações se tornaram menos frequentes, e aos poucos pudemos relaxar e curtir a viagem como se houvesse só nós dois. Saber da máxima que “notícia ruim corre rápido” ajudou nesse processo, e logo começamos a aguardar ligações ao invés de fazê-las.


"Ei, mãe e pai! Por que não ligaram mais pra mim?"


No final, tudo deu certo - conseguimos curtir a viagem, o guri não deu trabalho para a minha sogra e aprendemos que há sim vida conjugal após a gravidez. É algo que recomendo a todos os casais. Mas, apesar de termos feito praticamente uma “mini lua-de-mel”, algo estranho aconteceu: a todo momento em que havia uma criança brincando na areia, um bebê se protegendo do sol com um chapéu do Nemo ou um bacurizinho correndo da onda do mar, nós prestávamos atenção e fazíamos comentários. Ou seja: por mais longe que possamos estar dos filhos, não há como se desconectar por completo - e essa é uma mudança que nunca desaparecerá.